sábado, 20 de agosto de 2011

Ethos quer compromisso por sustentabilidade de candidatos a prefeito

Meio Ambiente

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Instituto Ethos lançou ontem (19), junto com outras organizações da sociedade civil, o programa Cidades Sustentáveis. A iniciativa visa à divulgação de ações de sustentabilidade e fazer com que os políticos que disputarão as prefeituras do país nas próximas eleições assumam o compromisso de colocar em prática o programa.

As entidade elaboraram uma cartilha que contém metas de sustentabilidade em 12 eixos. São cerca de cem objetivos gerais e mais de 300 específicos, todos estabelecidos conjuntamente pelo Ethos, a Rede Nossa São Paulo e a Rede Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis.

A mobilidade, por exemplo, é um dos eixos da cartilha. Nesse quesito, um dos objetivos gerais é aumentar o uso de transporte público nas cidades. Já um dos objetivos específicos é ampliar a quantidade de corredores para tráfego exclusivo de ônibus.

Para medir a adesão das ações propostas, o Cidades Sustentáveis também criou indicadores. No caso da mobilidade e dos corredores de ônibus, mais especificamente, a iniciativa quer medir quantos quilômetros de vias exclusivas ao transporte público existem nas cidades e comparar a quantidade com a de outros municípios considerados exemplos.

Contudo, para que tudo isso seja feito, as organizações precisam que as cidades adotem o programa. Por isso, elas vão lançar uma campanha publicitária para incentivar que candidatos a prefeito em 2012 assumam o compromisso de seguir as diretrizes do Cidades Sustentáveis.

“Estamos propondo aos candidatos que adotem o programa, se comprometam com os objetivos e prestem conta à população”, disse o coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, durante a cerimônia de lançamento do programa, na capital paulista.

O presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, admite que convencer os candidatos a aderirem ao programa será um desafio. Mas entende que os próprios políticos podem se beneficiar com o Cidades Sustentáveis. “Os bons políticos entenderão o programa como um presente, pois ele é um importante guia de boas práticas”.

Edição: Aécio Amado

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

ANÁLISE-Previsão de Selic menor em 2011 ganha corpo no mercado

Por Silvio Cascione

SÃO PAULO (Reuters) - A atual turbulência internacional pode forçar o Brasil a reduzir os juros já neste ano, avaliam alguns economistas, contrariando a opinião ainda majoritária de que o Banco Central apenas interromperá o ciclo de aperto monetário e manterá a Selic em 12,50 por cento.

Com a perspectiva de que o menor crescimento global reduzirá a atividade econômica no Brasil, a corretora Raymond James alterou sua previsão para a taxa básica de juros, estimando um corte de 0,25 ponto percentual em novembro. A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2011 foi reduzida de 4 para 3,6 por cento.

'Isso implica uma desaceleração razoável no segundo semestre. O BC vai perceber que, se não fizer algo, isso vai se propagar mais à frente', disse o economista-chefe para América Latina da Raymond James, Mauricio Rosal.

À Reuters, o economista minimizou novos dados que ainda mostram desempenho robusto das vendas no varejo, com expansão de 0,2 por cento em junho sobre maio, divulgados nesta quinta-feira.

'Olhar para junho é olhar para o retrovisor. Está havendo uma quebra de cenário', afirmou.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC tem sua próxima reunião nos dias 30 e 31 deste mês, quando novamente definirá o rumo da Selic. Até o fim do ano, serão mais dois encontros: em outubro e em novembro.

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, já considera 'provável' que o BC inicie um processo de redução dos juros neste ano. 'Eu acho que dificilmente fecha o ano a 12,50 por cento. Mas o ritmo disso é muito complicado de antever', ponderou.

A perspectiva de uma redução dos juros ainda neste ano não é majoritária. De acordo com o boletim Focus, feito pelo BC, a mediana das previsões de economistas é de que a Selic terminará o ano sem alterações, depois de ser elevada de 10,75 por cento para o atual patamar entre janeiro e julho.

O mercado de juros futuros, de acordo com o economista da Coinvalores Corretora, Paulo Celso Nepomuceno, chegou a precificar no pior momento de quarta-feira a estimativa de três reduções da Selic a partir de novembro deste ano. Mas os contratos na BM&FBovespa eram distorcidos pela intensa volatilidade no exterior, alertam operadores.

IGUAL A 2008?

Na última grave crise financeira, que estourou com o colapso do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers em setembro de 2008, o BC foi criticado por ter começado a reduzir os juros apenas no início do ano seguinte.

A diferença agora, argumentam os defensores da manutenção de juros neste ano, é que essa crise não é igual a 2008.

'Apesar de existirem bons argumentos para cortar juros, acho que o mercado está um pouco desesperado demais com essa questão da crise', disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

'Tem uma crise séria em andamento, mas a gente ainda não tem um processo de recessão ou de desaceleração econômica forte no Brasil', completou, acrescentando que prevê um ciclo de afrouxamento monetário só no segundo trimestre de 2012.

Um ponto importante na opinião dos analistas é a convergência da inflação para o centro da meta, algo que o BC ainda busca para o ano que vem. De acordo com economistas, a piora do cenário internacional não garante por si só que o objetivo será cumprido em 2012.

A previsão do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012 é de 5,27 por cento, acima da meta de 4,5 por cento, segundo o último boletim Focus. Os mesmos economistas estimam crescimento de 3,94 por cento do Brasil em 2011 e 4 por cento no ano seguinte.

GASTOS SOB CONTROLE

Na opinião dos economistas Ilan Goldfain, Aurélio Bicalho e Luiz Cherman, do Itaú Unibanco, até existe a chance de uma redução dos juros em 2011, mas somente em um cenário mais pessimista, que implique em um período mais extenso de turbulência no mercado financeiro internacional. Nesse caso, o crescimento global seria de 2,6 por cento em 2012, e não de 3,7 por cento como o previsto atualmente pelo banco.

'A dinâmica dos mercados nos últimos dias elevou a chance de cenários mais adversos para o crescimento econômico nos próximos meses. No entanto, ainda avaliamos o nosso cenário básico (manutenção da Selic) como o mais provável.'

O mercado, ainda assim, está atento a sinais do governo sobre a política monetária. Mensagens como o pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega, aos partidos aliados para que não aprovem novos gastos foram interpretados como um indício de que o governo não está disposto a abrir mão do ajuste fiscal, o que na prática abriria espaço para juros menores.

O governo reduziu os gastos previstos no Orçamento em cerca de 50 bilhões de reais neste ano. No primeiro semestre, o superávit primário foi de 78,2 bilhões de reais.

'Temos a percepção de que o governo pode estar construindo um argumento para reduzir os juros mais agressivamente', opinou o tesoureiro de um grande banco de investimento norte-americano em comentário feito a apenas clientes, semelhante aos economistas do Itaú:

'Manter a austeridade fiscal, nesse contexto, contribuiria para tornar mais sólida a redução dos juros.'

(Reportagem adicional de Luciana Lopez e José de Castro)

Dilma se diz 'preocupada e atenta' com crise econômica global

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira estar 'muito preocupada e atenta' com a atual crise econômica global.

'Eu estou muito preocupada e atenta. O governo federal inteiro está atento a esta crise internacional que a gente tem visto', disse Dilma durante entrevista a emissoras de rádio em Fortaleza.

A presidente justificou sua preocupação com a forte turbulência registrada nos últimos dias nas bolsas em todo o mundo, a fragilidade apontada em bancos europeus e a discussão no Congresso dos Estados Unidos para elevação do teto da dívida do país.

'Você tem hoje uma turbulência no mundo parecida com aquela que ocorreu em 2008 e 2009, e que tem a raiz lá trás, que é o fato dos bancos terem sido completamente desregulamentados', avaliou Dilma.

No início dos negócios desta quinta-feira, as bolsas norte-americanas e brasileira apresentavam altas expressivas, escoradas em dados melhores que esperados sobre o mercado de trabalho nos EUA, após uma semana de forte volatilidade.

Nos últimos dias, diante da piora nas perspectivas de recuperação da economia internacional, e com o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, têm repetidamente afirmado atenção com a crise, e que o país está preparado para enfrentá-la.

Em seus mais recentes discursos, a presidente têm destacado as reservas internacionais brasileiras e os depósitos compulsórios dos bancos como armas que o governo têm para amenizar os efeitos da crise no país.

(Por Hugo Bachega)