25/05/2010 - 14h30
Do UOL Eleições
De São Paulo
A presidenciável Marina Silva (PV) se apropriou, nesta terça-feira (25), do slogan de seu concorrente nas eleições de outubro, o tucano José Serra. "Nós sabemos que podemos fazer mais e melhor", disse, após afirmar que o Brasil "não pode aceitar o enquadre" de país exportador apenas de minérios e alimentos na economia mundial.
Ela aproveitou para criticar a indicação de Dilma Rousseff (PT) por Lula como nome governista à sucessão. "Ninguém pode decidir por ninguém o que é melhor. Na democracia, nenhum líder, por mais relevante, competente e forte que seja, pode oferecer para o seu povo um destino. Só os déspotas oferecem destino. Os democratas dão a possibilidade de construir o futuro", disse, sem citar o nome do presidente.
"No primeiro turno a gente vota em quem acredita. Em quem o coração da gente acha que é o melhor para o Brasil. No segundo turno, a gente se desvia do pior. Mas isso só a sociedade brasileira pode fazer", afirmou.
A ex-ministra do Meio Ambiente participou do Encontro da Indústria com os Presidenciáveis, promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em Brasília (DF). No evento, Marina e os outros dois principais presidenciáveis, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), ouviram reivindicações de empresários e falaram sobre suas propostas para a política industrial do país.
Ao longo de sua fala, a senadora acriana elogiou os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso, os quais, segundo ela, "não são gerentes", mas sim "lideranças políticas".
"Diante da estabilidade econômica de 16 anos, da quebra de paradigma do presidente Lula, que mostrou que é possível crescer e distribuir renda... Nós não estamos no fim da história, estamos apenas no começo", afirmou. Pouco depois, Marina voltou a citar o slogan de Serra, "o Brasil pode mais" - a pré-candidata citou pelo menos seis vezes o bordão.
Além disso, buscou colocar-se como terceira via entre Dilma e Serra, sempre recorrendo a variações do slogan tucano. "Acreditar mais, sonhar mais, cobrar mais, ousar mais", disse, antes de criticar o "plebiscito" eleitoral entre o ex-governador de São Paulo e a petista.
Pelo lado do empresariado, participaram do encontro André Gerdau, diretor do grupo Gerdau; Robson Braga, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais; Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer; e Paulo Godoy, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).
Também estiveram presentes Horácio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa); e a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), além do deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), presidente da CNI, dentre outros.
Licenças ambientais
"Não há como impedir o processo de judicialização", disse, ao ser indagada sobre o atraso na concessão de uma licença ambiental para uma estrada na Amazônia. "Todas as pessoas de bom senso estavam contra; no final, a licença foi concedida e houve uma redução de 90% no desmatamento".
"Não temos um programa de infraestura para o Brasil. O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] não é um programa, é uma colagem, uma gestão de obras. Não é um programa pensando o crescimento do Brasil", criticou. Ela afirmou que seu plano de governo para o setor de infraesturtura, embora ainda não esteja pronto, já está sendo redigido por sua equipe. "O Estado que produz mais minérios no Brasil, Minas Gerais, tem que comprar trilhos da China. Por aí já se explica a importância da indústria nacional", disse.
No item competitividade, disse Marina, é preciso "pensar que os juros no Brasil são muito altos; é o uso do cachimbo só de um lado da boca", criticou. Ao falar sobre o que faria na política econômica se fosse eleita, disse que o governo terá de "aprender a controlar a inflação de outras maneiras" E detalhou: "uma das ferramentas, que as lideranças políticas do Brasil tem dificuldade de manejar, é a diminuição dos gastos públicos", disse.
"O Brasil tem 18% de poupança para investimento; com isso, não temos como ir muito longe. A China tem 40%", afirmou. "Nós vamos ter de cortar gastos públicos, e controlar para que eles cresçam até apenas a metade do PIB. Se nós mantermos esse equilíbrio, manteremos a competitividade", garantiu. Marina não detalhou projetos para o setor industrial, apesar de relacionar com frequência o tema à questão ambiental.
Apesar disso, a ex-ministra defendeu a realização das reformas tributária e da previdência, e enfatizou a necessidade de valorização dos professores como forma de melhorar a educação no Brasil. "Na formação, na remuneração e, simbolicamente, ele ter um lugar de respeito na sociedade", disse.
Marina foi questionada por Antônio Carlos Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas; por Lucas Izotón; por presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo; e por Alcântara Corrêa, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina.