19/02/2009 - Por Mauro Ambrósio
Em momentos de crise, planejar ações é uma das atitudes mais importantes para garantir que as turbulências provoquem efeitos menos nocivos sobre o andamento de um negócio. Tal princípio – que é uma das bases da governança corporativa – também é essencial às ações de sustentabilidade desenvolvidas pelas corporações, seja na área social ou ambiental.
Para se adequarem às novas realidades impostas pela crise, as empresas tendem a redimensionar suas atividades, reduzindo custos e focando esforços na atividade principal do negócio. Como em geral as ações sustentáveis não fazem parte do core business, acabam sendo colocadas em segundo plano, sofrem drásticos cortes de investimentos e, em alguns casos, são simplesmente descontinuadas. É justamente este tipo de atitude que deve ser evitado.
Claro que cortes de investimentos em sustentabilidade podem vir a ser necessários. No entanto, é essencial que as empresas promovam as adequações devidas com base em um planejamento muito bem estruturado, sempre com o objetivo de manter um capital construído ao longo dos anos que não pode ser mensurado em cifrões.
Vale lembrar que aplicar hoje em ações de sustentabilidade não é mais apenas uma demonstração de consciência empresarial ou uma ferramenta de marketing, mas faz parte de uma série de atributos que acabam sendo exigidos das corporações pela sociedade. Diante de uma população a cada dia mais conectada e com mais acesso às tecnologias de informação e comunicação, agir sustentavelmente e demonstrar o grau de responsabilidade assumido é hoje uma quase obrigação das empresas, que têm suas imagens e atividades continuamente expostas à opinião pública.
Assim, todo um patrimônio imensurável construído a partir das atividades sustentáveis de uma empresa não pode ser abandonado, nem mesmo em momentos de crise. Para isso, é essencial elaborar um planejamento estratégico para o segmento, revendo todas as ações desenvolvidas e priorizando investimentos em setores que valorizam a atividade principal da empresa e que têm maior impacto sobre sua marca e presença.
A partir do planejamento estratégico e da posterior percepção de possibilidades, deve haver concentração de esforços nas ações sustentáveis escolhidas como necessárias para a empresa. Nesse processo, é possível, também, enxergar melhor as possibilidades de parcerias que venham a representar redução de custos ou potencialização de resultados, especialmente a partir de acordos com organizações não-governamentais, instituições governamentais ou, até mesmo, empresas que desenvolvam atividades similares e que possam atuar como parceiras na otimização de trabalhos.
De acordo com o 3º Estudo de Responsabilidade Social realizado pela BDO Trevisan e concluído ao final do ano passado, quase 70% das empresas analisadas consideram os setores de responsabilidade social e ambiental estratégicos para seus negócios. Das companhias ouvidas, 46% mantêm área específica para cuidar das atividades voltadas à sustentabilidade, e a maior parte das empresas (58%) está consciente de que o tema está relacionado às práticas de governança corporativa.
Estes são dados que dão uma noção do nível de percepção que as próprias empresas têm do quanto é importante investir hoje em ações de sustentabilidade. Por isso, é profundamente recomendável que não se abra mão do valor que tais ações agregam às empresas, seja em relação à marca ou a sua inserção na comunidade em que está presente ou, mesmo, no mundo globalizado. Mais do que nunca, em momentos de crise como o atual, planejar é preciso.
Mauro Ambrósio é sócio-diretor da BDO Trevisan responsável por auditorias e consultorias de responsabilidade socioambiental de entidades e empresas.
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