terça-feira, 28 de abril de 2009

Senhores ratos: democracia não é queijo!


João Neder


28/04/2009

Os que envelheceram sob as dificuldades de anos e anos de trabalho honesto, para não se corromperem, mesmo diante das falcatruas que viam acontecer; os idealistas que experimentaram as prisões políticas e o esmagamento dos seus ideais; as mulheres que se tornaram vítimas da viuvez dos maridos desaparecidos sob o quante das “Razões do Estado”; os assalariados espremidos nas carências que o salário mínimo que não atende suas necessidades básicas, todos formam a nação brasileira e se deixam tomar de justa repulsa aos desmandos e escândalos que assolam a pátria brasileira, praticados pelos que estão obrigados a exercer com dignidade, honestidade e patriotismo as funções públicas que lhes são confiadas.
Sabem todos os que vivem na planície que deputado e senador e até mesmo vereador são criaturas que vivem com olhos focados nos cofres que guardam os dinheiros arrecadados nos impostos que todos nós pagamos, desde a compra de uma caixa de fósforos até uma televisão, sem falar que a energia elétrica e a água que o Estado nos vende vêm taxadas de Imposto Sobre Mercadorias e Serviços, conhecido ICMS, que até mesmo na conta do telefone somos nós que pagamos.
Você sabe quanto custa um senador, um deputado e um vereador? Ninguém sabe, na realidade, porque entre o salário e as mordomias, rolam milhares de reais, que vão desde a tal cota mensal de R$ 15 mil para despesas, por fora do ordenado, ainda tem outras tantas “ajudinhas”, fora os por fora...
Pois é toda essa gente que goza do direito torto de viajar de aviões em classe especial, levar a namorada, a sogra, o papagaio e o cabo de vassoura, já a vassoura é estorvo, gasta que está de tanto varrer sujeira para debaixo do tapete.
E não venham me dizer que é apenas uma minoria de figuras do Legislativo que procedem com as mãos nos atos criminosos, porque, se a maioria fica calada, não reage a tais safadezas, furto qualificado do dinheiro público, é porque, como diz o velho ditado, “quem cala, consente”.
Nenhum país foi capaz de promover a efetiva felicidade geral da Nação, com tanta roubalheira como tem acontecido no Brasil; daí porque os hospitais públicos têm seus corredores apinhados de enfermos, por que faltam leitos para acudir os doentes sem recursos para procurar assistência médica em nosocômios particulares, enquanto os deputados federais, pasmem, têm vinte e cinco mil reais (R$ 25.000,00) para assistência médica.
É uma desgraça que a sociedade está suportando, tudo porque, ao se estabelecer o Estado democrático de Direito, esqueceram aberto o esgoto em que vivem e multiplicam-se os asquerosos ratos que se fazem passar por filhos da democracia; são os tais fichas sujas, os que estão dependurados em processos que se arrastam, porque meteram a mão no dinheiro público, acumpliciaram-se com os superfaturamentos de obras públicas, a compra de ambulâncias, o mercado negro do sangue e tantas outras ações criminosas, sem esquecer os alegres beneficiários dos cartões corporativos, que sacam na boca do caixa o que nem sempre se encaixa na honestidade.
Este País vive sob o império de escândalos que se atropelam nos seus conhecimentos pelo público, que se vê insultado a cada nova sujeira que emerge pelas mãos dos figurões da República.
É preciso dizer aos homens e mulheres que temos culpa, por ignorância, ao votarmos em pessoas que são, por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento. Os seres humanos estão divididos em duas características fundamentais: os honestos e os outros; é certo que os outros são, até agora, a maioria no poder regendo nossos destinos.
Os gregos, há séculos, exerceram, por força da descrença nos políticos, a democracia direta, com o povo decidindo em praça pública os destinos de seus dias no futuro, organizando sua pública administração, pela vontade expressa da maioria.
Ao adotarmos a democracia representativa, através de representantes eleitos para as diversas casas legislativas, outorgamos, sem reservas, poderes que não podemos cassar, como estamos assistindo, sem condições de pôr fim a tantos atos e fatos que nos envergonham, pelo repulsivo comportamento de muitos dos eleitos.
Esses delinqüentes que infelicitam a Nação, agindo contra a vontade soberana do povo, querem destruir o regime democrático, sufocar as liberdades públicas, com suas ações criminosas, levando as populações à descrença nos poderes constituídos com a finalidade de promoverem a felicidade geral da Nação.
São os ratos, vorazes, que querem comer a democracia, que jamais será queijo na alimentação dos canalhas.
João Neder é jornalista, advogado criminalista e promotor de Justiça aposentado
Fonte: DM

Nenhum comentário: