14/06/2009
Por Emílio Odebrecht
O Brasil viveu nos últimos 15 anos um período de progresso. Faço esta afirmação com tranquilidade, convicto de que nosso desenvolvimento pode ser medido pelas importantes transformações ocorridas na economia, na política, no domínio do conhecimento e na sociedade como um todo. Mas continuamos distantes da realização possível de nosso potencial.
Dentre os setores onde carências importantes continuam evidentes, destaco a máquina pública, que precisa ser aperfeiçoada.
É imperioso reconhecermos que nas últimas duas décadas a gestão estatal no País evoluiu. Mas falta ao Estado brasileiro práticas de boa governança, tão comuns na iniciativa privada.
Um Estado gerencialmente frágil não será capaz de autorreformar-se para atender às demandas cada vez mais complexas que o mundo impõe a quem almeja exercer papel relevante entre as nações.
Ocorre que a ausência das reformas necessárias pode transformar-se em poderoso obstáculo na caminhada rumo ao futuro.
Para melhorarmos, estou certo de que precisamos que os melhores dentre nós ajudem nas diversas esferas de governo, porque uma nação só avança se os seus filhos mais brilhantes se dispuserem a liderá-la. E há uma forma de contribuição que está além da política.
Penso na possibilidade de profissionais maduros, que já deixaram a iniciativa privada, atuarem no setor público, capacitando pessoas e equipes, inserindo novas tecnologias, estabelecendo elevados padrões de atendimento à população. Já temos alguns exemplos, raros, mas importantes.
Como fruto de uma ação estruturada, empresários e executivos bem-sucedidos que chegaram à terceira idade podem contribuir com governos, sem necessariamente ter “cargos” para isso. Sabem planejar para o longo prazo e podem levar para o serviço público uma visão de geração, que transcende a próxima eleição. Aprenderam a atuar na linha que liga o acionista ao cliente – figuras que no âmbito da sociedade se fundem no cidadão pagador de impostos, que exerce, de fato e de direito, os dois papéis – e podem influenciar na educação dos jovens que optaram pela carreira no serviço público.
Indiretamente, estariam contribuindo com suas empresas de origem, hoje lideradas por seus sucessores que, tendo assumido de direito e de fato a responsabilidade pelas decisões da organização empresarial, passariam a contar com uma administração pública à altura dos desafios do Brasil, cujo crescimento está atrelado ao crescimento e ao desenvolvimento da sociedade e dos seus agentes produtivos.
Emílio Odebrecht é empresário
Fonte: DM
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