domingo, 28 de fevereiro de 2010

Subida de Dilma surpreende PT, e partido "provoca" oposição

28/02/2010
Agora é a oposição que começa a pensar em plano B, diz presidente do PT

DANIEL RONCAGLIA
colaboração para a Folha Online

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, afirmou neste domingo que surpreendeu a pesquisa Datafolha, mostrando crescimento de 5 pontos percentuais da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na disputa presidencial. "O crescimento foi maior do que o esperado", diz.

Segundo Dutra, os números mostram que a candidatura de Dilma está consolidada e competitiva. "Ao contrário do que alguns diziam meses atrás sobre a gente, agora é a oposição que começa a pensar em um plano B."

Ele afirma que a exposição da ministra por causa do lançamento de sua pré-candidatura na semana passada teve influência no resultado. No entanto, isso é irrelevante, na sua avaliação. "O que importa não é o índice de crescimento, mas o crescimento sustentado da candidatura", afirma.

Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), líder do partido no Senado, o crescimento de 5 pontos percentuais foi consequência do lançamento da pré-candidatura. "O resultado reflete o impacto provocado pela enorme publicidade em toda a mídia nacional por ocasião do lançamento oficial da candidatura da ministra durante o 4º Congresso Nacional do PT, no último final de semana", afirmou o senador em seu blog.

No dia 20 de fevereiro, a ministra foi lançada pré-candidata durante congresso de seu partido. A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas maiores de 16 anos.

A pesquisa Datafolha, publicada na edição de domingo da Folha (disponível para assinantes do jornal e do UOL), mostra ainda que Dilma atingiu 28% das intenções de voto e reduziu de 14 para 4 pontos percentuais a distância que a separa do principal rival, José Serra (PSDB), que tem 32%.

A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos --ou seja, só haveria empate técnico, em 30%, na hipótese de o tucano estar no limite mínimo, e a petista, no máximo.

O crescimento da ministra da Casa Civil foi verificado em todos os cenários do levantamento. A pesquisa mostra estagnação nos índices de Ciro Gomes (PSB) e de Marina Silva (PV).

Esses novos resultados devem aumentar as especulações sobre a perspectiva de desistência de José Serra, relata a coluna Painel.

O presidente Lula manteve aprovação recorde, com 73% de ótimo/bom.

Fonte: Folha Online

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Por meio ambiente, Marina quer nova visão de progresso

23/02/2010

AE - Agência Estado

SÃO PAULO - Propondo uma "ética de valores", em oposição ao que considera uma "ética circunstancial" da política, a senadora e pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva (AC), defendeu ontem, em aula magna em uma universidade em São Paulo, mudanças estruturais no processo de desenvolvimento brasileiro para evitar um "armagedon ambiental". Marina preferiu não citar seus opositores no campo eleitoral. Mas disse que o País é sujeito de uma "crise civilizatória" e que é preciso reavaliar a atual visão de progresso, centro nevrálgico de sua divergência com a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.

"Precisamos buscar uma nova maneira de caminhar", resumiu Marina. A senadora lamentou que o atual modelo de gestão e a consequente crise ambiental estejam "à margem do debate político". No entanto, ela acredita que sejam causadores de um "constrangimento ético". "Porque o meio ambiente vai exigir, certamente, uma ética de valores."

Para a senadora, com a aclamação de Dilma no congresso petista, realizado semana passada, a corrida presidencial agora ganha "ritmo acelerado". "Acabou o carnaval, começou o ano para tudo. Para campanha também. Obviamente que respeitando a legislação, estão todos em pré-campanha", afirmou.

Questionada sobre uma possível mudança de panorama eleitoral com a crise do DEM, resultado do mensalão no Distrito Federal, Marina preferiu observar que o caso é o exemplo de uma crise da política. "Estamos à mercê dessa coisa terrível que empobrece a política. É preciso que haja um avivamento, e isso se faz através do debate de ideias." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Eleitores sem memória, política sem partidos

22/02/2010

A mídia descobriu, pela enésima vez, a "amnésia eleitoral". O Instituto Data Rio divulgou dados que mostram que somente 4% dos votantes sabiam em quem votaram para deputado federal e, em igual percentagem, para deputado estadual. Embora exista uma clara correlação entre nível educacional e lembrança, um comentarista dos dados, Pedro Fernandes, nos lembra de que 53% dos que possuem educação superior não se lembravam em quem votaram — segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. Fernandes lembra a responsabilidade dos políticos, que contribuiriam para o esquecimento.

Sem dúvida; porém, outros fatores pesam. A experiência dos estudos policiais e criminológicos mostra que, nos alinhamentos para identificação de testemunhas, o número de pessoas colocadas no alinhamento influencia o resultado. O número conta: quanto maior, mais erros. Experimentos desse tipo minaram a fé na prova testemunhal. Fica pior: brancos identificando negros erram mais do que brancos identificando brancos, provando que há um aspecto relacional que afeta a qualidade do testemunho. A identificação funciona melhor entre semelhantes.

O esquecimento eleitoral não opera num vácuo de instituições. As instituições e as legislações eleitoral e partidárias podem facilitar ou dificultar o esquecimento. No Brasil, facilitam.

A "amnésia eleitoral" não começa depois das eleições: começa antes. Há dois anos, Jairo Nicolau (Iuperj) alertava para pesquisas feitas pelo Ibope e pelo Datafolha, em grandes capitais, próxima das eleições: "o percentual de eleitores que disseram não saber em quem votar na pergunta espontânea, em algumas das capitais... é muito alto, oscilando entre cerca de 30% e 80%." Os dados permitiam concluir que o problema era nacional e não do nosso Rio. Com 66%, estávamos próximos do Recife (58%); de Porto Alegre (61%) e abaixo de Belo Horizonte (79%). Não sabiam em quem votariam, deixando ver que não havia uma relação forte com candidato ou com partido.

O sistema eleitoral se impõe como variável invisível, mas de muito peso, sobre a memória do votante. O sistema partidário também pesa sobre os resultados. Além da amnésia individual, há uma amnésia partidária.

A permanência dos políticos num só partido favorece a identificação, por parte da população. Porém, os políticos mudam muito de partido. Como exemplo, o ex-governador Garotinho, se bem me lembro, já esteve no PDT, no PT, no PSB, PMDB e atualmente milita no PR. A pouca significação dos partidos não é um fenômeno obrigatório, da natureza, mas consequência da pouca significação atribuída a eles por parte significativa dos políticos.

O alto número de partidos e de candidatos por vaga conspira contra o voto responsável e contra a memória. Ari Ferreira de Queiroz, em interessante artigo, comenta que, em Goiânia, em 2004, concorreram às eleições para vereador nada menos do que 27 partidos, coligados ou não. É o esfarelamento partidário. Desses, 13 não elegeram ninguém. Quantos desses 27 comandam uma parcela significativa das identificações e preferências do eleitorado? Não são partidos políticos; são legendas de aluguel. Havia vinte candidatos para cada vaga de vereador, mas somente quatro candidatos a prefeito. Fica pior: o artigo 10 da Lei das Eleições estabelece que cada partido pode registrar até 150% do número de cadeiras disponíveis na Câmara Municipal. É uma aberração aritmética que permite a um hipotético partido receber todos os votos e deixar de eleger um terço dos candidatos que apresentou.

No segundo turno das eleições majoritárias há somente dois candidatos e a memória é superior.

O olhar institucional não termina aí: ainda é fácil trocar de partido. Nosso sistema pensou os mandatos como propriedade do eleito e não do partido que o elegeu. Houve mudança legislativa para reduzir a migração que, eleição trás eleição, se observa na direção do Executivo. Porém, acordos internos esvaziaram essa legislação benéfica. Esses acordos anulam a oposição, enfraquecem o Legislativo, e fortalecem o Executivo.

Fica ainda pior: mesmo sem migrar de partido, os votos e o apoio dentro da Casa migram na direção do Executivo e os partidos dispõem de poucos instrumentos para manter um mínimo de fidelidade partidária. Essa prática também enfraquece o Legislativo.

Podemos ir além: nossas leis e cultura política concedem supremacia ao Executivo, tornando o Legislativo pouco relevante. No Brasil, o Executivo pode legislar diretamente, através de medidas provisórias, ou propor legislação que raramente é rejeitada. O contraste é grande, por exemplo, com os Estados Unidos, que levam o equilíbrio entre os poderes a sério. O Executivo não pode apresentar projetos de lei diretamente; só pode fazê-lo através de seus legisladores. Comparativamente, os legisladores brasileiros quase não legislam.

Assim, olhar para a amnésia eleitoral como um problema do eleitor ou mesmo da pobre ou inexistente relação entre o eleitor e o eleito, conduz à condenação dos dois. É injusto, porque a amnésia varia com a legislação e as instituições políticas, eleitorais e partidárias. Não podemos julgar e apedrejar eleitores se o sistema dificulta a identificação partidária e reduz o Legislativo à condição de coadjuvante político.
Tem jeito! Mas o jeito passa pela reforma política.
GLÁUCIO ARY DILLON SOARES é sociólogo.
E-mail: soares.glaucio@gmail.com
* Texto publicado no Globo de hoje

domingo, 21 de fevereiro de 2010

PT deve dizer "não" a PMDB, afirma Singer

21/02/2010

ANA FLOR
da Folha de S.Paulo

Num momento em que a simples menção ao PMDB no documento petista sobre políticas de alianças provocou intenso debate no congresso do partido que terminou ontem --e que resolveu não citar a sigla como principal aliada na campanha--, o cientista político André Singer vai além: defende que o PT tenha coragem de dizer "não" ao PMDB.

Singer, que foi secretário de Imprensa e porta-voz da Presidência no primeiro mandato de Lula, afirma que o "baixo teor programático do PMDB é danoso para o sistema partidário brasileiro" e que o PT ganharia mais se desse preferência a uma aliança com o PSB.

FOLHA - O PT ainda é um partido de massas e de trabalhadores?
ANDRÉ SINGER
- Continua sendo, mas já com as mudanças que eram previsíveis, de acordo com a trajetória dos grandes partidos socialistas das democracias ocidentais. O PT teve uma trajetória de sucesso eleitoral relativamente rápida. Isso faz com que o peso no partido dos que têm mandato comece a crescer. Essa trajetória faz com que o grau de participação, a chamada militância, vá diminuindo ao longo do tempo. Não é mais a militância da primeira década.

FOLHA - O que fez a influência de Lula crescer tanto no partido?
SINGER - O principal fator é o que eu tenho chamado de lulismo. É um fenômeno novo. Não é o resultado, ao meu ver, de um realinhamento eleitoral. A base social que elegeu Lula em 2006 é diferente da que o elegeu em 2002. Essa nova base social são os eleitores de baixíssima renda, foram o resultado de políticas de governo do primeiro mandato. Esse primeiro mandato significou uma mudança tão importante na estrutura eleitoral do país que deu ao presidente uma base que é relativamente autônoma do partido.

FOLHA - É uma base diferente daquela que sustenta o PT?
SINGER
- O PT tem uma base eleitoral ampla, mas é uma base historicamente de classe média. O lulismo trouxe essa novidade de estar ancorado nessa base de baixo. Isso faz com que a adesão seja mais a uma figura que tem grande visibilidade do que a uma instituição, a um partido. Eu acho que é possível que haja uma convergência entre essa base social e o PT.

FOLHA - Se essa adesão ao projeto se confirmar, garantiria, então, a eleição da escolhida do presidente?
SINGER - É a minha percepção. É mais uma adesão de projeto do que carismática.

FOLHA - Quais os efeitos, para o PT, de uma aliança com o PMDB?
SINGER
- O PMDB tem se caracterizado por ser um partido de baixo teor programático, o que é danoso para o sistema partidário brasileiro. Faz com que a política fique parecendo algo que diz respeito aos interesses dos políticos.

FOLHA - Então é ruim para o PT?
SINGER - A opção preferencial pelo PMDB fortalece esse aspecto negativo. Ela é compreensível do ponto de vista pragmático. Na minha opinião, o PT deveria arcar com um certo risco de procurar primeiro os partidos que estão mais próximos a ele no campo de esquerda e de centro-esquerda. No caso, o PSB, que tem como pré-candidato Ciro Gomes. O PSB ainda é um partido ideologicamente mais próximo do PT. Eu também poderia me referir ao PDT, ao PC do B. O PT deveria retomar uma prática de que suas alianças fossem orientadas pelo programa.

FOLHA - O PT decidiu não correr o risco por ter uma candidata eleitoralmente fraca?
SINGER
- Eu acho que o problema é de outra natureza. Acho que o pragmatismo é uma força extraordinária em partidos eleitorais. Todo partido tende a ser fortemente pragmático.

FOLHA - Mas se o candidato fosse alguém mais conhecido do eleitor, seria diferente?
SINGER - Eu não sei. Uma vez estabelecidos os critérios pragmáticos, como o tempo na TV e essa relativa capilaridade eleitoral [do PMDB], sempre será um elemento fortemente levado em consideração. O que está em jogo é pragmatismo versus opção programática.

FOLHA - O fato de Lula ter escolhido a candidata enfraquece o PT?
SINGER
- Essa é uma condição que está relacionada com a grande influência de uma liderança carismática, que tem os votos. Sem dúvida, ela significa que o partido é fortemente influenciado por essa liderança.

FOLHA - O lulismo pode engolir o PT?
SINGER - A questão se vai haver essa convergência ou não vai depender de em que medida esses eleitores que a meu ver aderiram ao lulismo irão pouco a pouco votar no PT. Nas eleições de 2006 os estudos mostram que isso não aconteceu. A base social do PT continua sendo a base social tradicional, mais forte no Sudeste e no Sul do que no interior do Norte e Nordeste. Dá para ver essa diferença entre lulismo e petismo.

Fonte: Folha Online

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Copa no Brasil custa mais que o dobro da africana

17/02/2010
Edson Sardinha

Governo vai gastar R$ 5,34 bilhões até 2014 em obras de estádios como o Maracanã

A Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, vai custar pelo menos o dobro do previsto pelos organizadores da competição deste ano, na África do Sul. Reportagem da Folha de S. Paulo mostra que a Copa vai custar R$ 7,96 bilhões aos sul-africanos em 2010, enquanto as estimativas brasileiras apontam para um gasto de R$ 17,52 bilhões. Uma diferença de R$ 9,5 bilhões, ou 120%.

Mas a conta deve ser ainda maior no Brasil, já que as obras na África do Sul estão em fase final para receber as partidas, que serão realizadas entre os meses de junho e julho. Os dois países não incluíram nesse orçamento os investimentos na melhoria de seus aeroportos. "Esse valor inclui infraestrutura, estádios, comunicação, segurança e desenvolvimento esportivo”, disse à Folha o porta-voz do Tesouro Nacional sul-africano, Thoraya Pandy. No caso brasileiro, estão incluídas despesas com estádios, transporte e obras próximas às praças esportivas. Estão fora do levantamento gastos com segurança, tecnologia e infraestrutura esportiva, como a construção de centros de treinamento.

Apenas com a construção e a reforma dos estádios, o Brasil deve gastar R$ 5,34 bilhões. Desse total, 94% serão financiados diretamente pelo poder público. Os 6% restantes virão dos cofres do São Paulo, do Atlético Paranaense e do Internacional, que receberão empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para reformarem suas arenas.

Os custos de estádios, únicos que tinham estimativa feita no projeto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já mais do que dobraram em relação a 2007, informa o repórter Rodrigo Mattos.

O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., disse não acreditar nos números apresentados pelos sul-africanos. "Acho que esse valor é muito maior. Tenho convicção de que é maior que isso", afirmou à Folha.

A Copa no Brasil terá número maior de estádios (12 contra 10) e sedes (12 contra 9) em relação à África do Sul. Os dois países têm praticamente a mesma renda per capita, algo em torno de US$ 10 mil (R$ 18,7 mil), e receberão investimento público maciço para organizarem o Mundial. "Você já foi lá? Eles têm problemas de infraestrutura. O transporte público precisa de bem mais coisa que o nosso", afirmou Orlando Silva. O ministro disse que não queria fazer comparação entre os dois orçamentos por não confiar nos números apresentados pelos sul-africanos. "Não vou especular sobre números. Estou surpreso", declarou à Folha.

De acordo com a reportagem, após o início das obras e a inclusão de novas despesas, os gastos brasileiros devem ficar próximos aos totalizados pela Alemanha em 2006. Aplicando-se o atual câmbio e a inflação acumulada no país europeu nos últimos três anos, os alemães gastaram entre R$ 21,2 bilhões e R$ 26,5 bilhões com a organização do Mundial. A diferença, ressalta a reportagem, é que a conta alemã foi fechada após os jogos e reúne todas as despesas, inclusive as reformas dos aeroportos.

O valor estimado para as obras dos estádios brasileiros já se aproxima do gasto pelos alemães. Foram aplicados R$ 5,55 bilhões na construção ou reforma das arenas na Alemanha, R$ 200 milhões a menos do que o previsto até o momento no Brasil, acrescenta a reportagem da Folha. A renda per capita alemã é mais que o triplo da brasileira: US$ 34,2 mil (R$ 63,95 mil).

Fonte: Congressoemfoco

Crescimento econômico e a herança que o governo deixará

17/02/2010

Temos insistido nestes “sueltos” semanais que, em matéria de crescimento econômico, 2010 está dado. Por uma fatalidade estatística, registraremos um crescimento da ordem de 5% ou 6%. O que se discute é a “qualidade” desse crescimento e a herança que o governo Lula deixará. Será um ano em que as incertezas continuarão:

1) Estimativas quase consensuais são de que a economia mundial crescerá em torno de 3% a 3,5% (os EUA próximos de 3,5%, a Eurolândia menos de 2% e os emergentes de 5% a 5,5%). A Comissão Europeia decidiu suportar a Grécia, mas há ainda a possibilidade de um desarranjo no sistema financeiro americano;

2) Crescem as preocupações com a bolha imobiliária chinesa e a aceleração da sua taxa de inflação. A irritação causada pela política cambial na China vai acabar impondo a cada país uma política defensiva. Isso poderá ampliar o protecionismo, com graves consequências para o desenvolvimento mundial. A paciência e a leniência do mundo em relação às “artes” chinesas estão se esgotando;

3) Os sinais de uma deterioração das contas externas brasileiras são cada vez mais visíveis, mas ela não coloca em risco a nossa solvência. O problema é que, cada vez que se tentou sustentar o crescimento (do consumo, principalmente) à custa da acumulação de deficits em conta corrente, o final não foi feliz;

4) A “filosofia” do presidente Lula – mesmo dando ênfase ao combate à fome e à melhoria dos menos favorecidos pela sorte – sempre foi a do respeito aos pilares da política econômica canônica: metas de inflação executada por um Banco Central operacionalmente autônomo; construção de superavits primários capazes de reduzir monotonicamente a relação dívida pública/PIB; câmbio flutuante com liberdade de movimento de capitais.

Foi isso o que permitiu ao País aproveitar-se da expansão do crescimento mundial de 2003 a 2008.

Diante da crise mundial, alguns desses cânones foram, justificadamente, quebrados. Parece claro que teria sido preferível dizer isso claramente em relação ao superavit primário de 2009 do que construí-lo com uma contabilidade imaginativa. O resultado final, entretanto, foi bastante razoável: saímos da crise à frente da maioria dos países, mas restou uma dúvida sobre a política fiscal de 2010.

O dilema de Lula em 2010 é que o desejo de eleger o seu sucessor não pode ignorar a saída correta que é a redução dos gastos correntes. Precisa fazer o prometido superavit primário de 3,3%. Sem isso, poderemos ter séria volatilidade no câmbio e aumento da inflação no segundo semestre.

Por Antônio Delfim Netto. (contatodelfimnetto@uol.com.br)
Fonte: DM

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Dívida média do brasileiro equivale a 5 meses de renda

15/02/2010

Nunca o brasileiro deveu tanto. Entre cartões de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, empréstimos para compra de veículos e imóveis - incluindo os recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) -, a dívida das famílias atingiu no fim do ano passado R$ 555 bilhões. O valor é quase 40% da renda anual da população, que engloba a massa nacional de rendimentos do trabalho e os benefícios pagos pela Previdência Social.

A LCA Consultores constatou que, se os bancos resolvessem cobrar toda a dívida, levando em conta o empréstimo principal e os juros, de uma só vez, cada brasileiro teria de entregar quase cinco meses de rendimentos. Em 2008, eram necessários 4,3 meses de salários, aposentadorias e pensões para quitar os empréstimos. Em dezembro do ano passado o índice era de 4,8 meses, a maior relação entre dívida e rendimentos da série histórica iniciada em 2001, quando dois meses de rendimentos serviam para pagar os empréstimos.

Apesar do endividamento recorde do consumidor, o estudo da LCA mostra que o comprometimento da renda mensal com financiamentos diminuiu nos últimos 12 meses, devido ao alongamento dos prazos de pagamento. De 2006 a 2009, os prazos médios quase que dobraram, passando de 17,3 meses para 31,1 meses.

Outros estudos confirmam que o endividamento do brasileiro é recorde. A Universidade de Brasília, com base no saldo de empréstimos com recursos livres e na massa de salários das seis regiões metropolitanas, sem contar SFH nem Previdência, conclui que o brasileiro em 2009 devia o equivalente a 10 meses e 20 dias de salário, a maior marca da série iniciada em 2004. Em 2008, a dívida, nessa fórmula de cálculo, era menor: 10 meses e 2 dias de salário. Já para a Kantar Worldpanel (ex-Latin Panel), 65% dos dois mil lares visitados na Grande São Paulo e na Grande Rio pela consultoria tinham algum tipo de financiamento em 2009. No ano anterior, esse índice estava em 60%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Agência Estado - AE

No Ceará, divergência entre PT e PMDB

Eunício protesta contra candidatura de ministro da Previdência ao Senado

De Isabela Martin:

Um ponto de discórdia ronda a base aliada do governador Cid Gomes (PSB), que já enfrenta problemas para manter a aliança em sua campanha pela reeleição por causa da candidatura do irmão Ciro Gomes à Presidência. PT e PMDB no Ceará se estranharam esta semana. O pano de fundo é a disputa para o Senado. Enquanto o PMDB gostaria de ter o deputado federal Eunício Oliveira como único candidato da base, o PT decidiu lançar o ministro da Previdência, José Pimentel.

Eunício avisou que o PT terá que escolher entre manter o vice na chapa de Cid ou ficar com a vaga ao Senado. Ao fazer uma relação entre a ambição petista e o tamanho e o peso político dos dois partidos no Ceará, Eunício comparou o PT a uma pessoa de “um metro e meio”. Além de governar Fortaleza, o PT administra 15 prefeituras cearenses, tem quatro deputados federais e quatro estaduais. O PMDB se considera maior: tem 37 prefeitos, cinco federais e 11 estaduais.

Petistas se uniram em protesto contra Eunício, consideraram a comparação desrespeitosa.

Eunício telefonou para o deputado estadual Artur Bruno (PT) a fim de se retratar.

A prova do mal-estar foi a ausência de Eunício, presidente estadual do PMDB, na posse da prefeita Luizianne Lins no comando do diretório estadual do PT, na quinta-feira. Um vereador que representou o partido leu uma carta de Eunício garantindo que os partidos ficarão juntos.

Leia mais em O Globo
Fonte: Blog do Noblat

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Romário demite Bebeto do comando do América-RJ

13/02/2010

A dupla tetracampeã mundial Bebeto e Romário está desfeita no América-RJ. Após a derrota para o Olaria por 2 a 1, neste sábado, na Rua Bariri, pela semifinal da Taça Moisés Mathias de Andrade, o técnico Bebeto foi demitido por Romário, gestor do futebol do clube.

"O Romário conversou comigo após a partida e entendeu que era o momento de mudar. Não fizemos uma campanha abaixo das dos clubes de menor investimento, pois alguns deles dispõem de mais estrutura e começaram a se preparar bem antes, mas respeito a decisão do Romário e nossa amizade está acima de qualquer situação profissional", explicou Bebeto.


Bebeto comandou a equipe rubra em oito partidas pelo Estadual, vencendo três e empatando uma. "O grupo tem potencial, mas o America hoje tem um time e não um plantel. Procurei fazer meu trabalho aprendendo a entender as limitações do clube", comentou.

Fonte: Agência Estado - AE

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Barragem do João Leite é de todos!

Uma obra da complexidade e da importância da barragem do Ribeirão João Leite não nasce em curto espaço de tempo, não se viabiliza sem um diversificado leque de fontes de recursos nem é executada sem a participação de vários governos.

Uma obra da complexidade e da importância da barragem do Ribeirão João Leite não nasce em curto espaço de tempo, não se viabiliza sem um diversificado leque de fontes de recursos nem é executada sem a participação de vários governos.

A barragem do Ribeirão João Leite – o Sistema João Leite, na verdade – quando totalmente concluído e capaz de suprir de forma complementar a demanda prevista para Goiânia até o ano de 2040, será constituído pela barragem de concreto, o reservatório, uma adutora com unidades de elevação e uma estação de tratamento de água.

Exigiram-se muitos anos para a elaboração do projeto de engenharia da barragem e para os estudos complementares, até, finalmente, ter seu orçamento montado e concretizado o modelo de financiamento. Um modelo com recursos do Tesouro do Estado, da Saneago, do Tesouro Nacional (a partir de emendas parlamentares ou do próprio Governo Federal) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID.

O Sistema completo, com suas quatro etapas, vai necessitar recursos da ordem de R$ 350 milhões, dos quais R$ 114 milhões já foram investidos na primeira etapa, a barragem de concreto, pelo Governo de Marconi Perillo. Outros R$ 46 milhões foram aplicados na 2ª Etapa, concluída com o enchimento do Lago, pelo Governo de Alcides Rodrigues. Um total próximo a R$ 160 milhões, valor que teve importantes contribuições do BID e do Governo Federal.

Relembremos: em 30 de março de 2006, o governador Marconi Perillo, na presença de diversas autoridades estaduais, inclusive do vice-governador Alcides Rodrigues, inaugurou a primeira etapa do Sistema, com a conclusão da barragem de concreto. As obras realizadas correspondiam a 90% de toda a primeira fase, que, para ser totalmente terminada, necessitava da construção das ombreiras da barragem, algo que só poderia ser feito em período seco, após aquela estação das chuvas.

Agora, em fevereiro de 2010, vejo e ouço pelos meios de comunicação que o Governo do Estado convidou o presidente Lula para a inauguração da barragem do Ribeirão João Leite, no próximo dia 12. Um convite onde se comunica à população que a barragem do Ribeirão João Leite custou R$ 180 milhões de reais e vai suprir a demanda de até mais de 3 milhões de habitantes de Goiânia.

Que coisa, não? Uma verdadeira e grandiosa sucessão de enganos.

O primeiro engano é o de dar a entender que, com o enchimento do reservatório, o Sistema estará completo e capaz de suprir a demanda por água de Goiânia até 2040, quando se sabe da necessidade de se construirem, ainda, mais duas etapas para que o Sistema João Leite possa começar a fornecer a água prometida.

Uma comunicação mais verdadeira deveria também anunciar que, no dia 12, se estará inaugurando a segunda etapa da barragem, com o enchimento do lago. Como todos se recordam, a primeira etapa, contando inclusive com a presença do então vice-governador Alcides Rodrigues, foi inaugurada no dia 30 de março de 2006, pelo governador Marconi Perillo.

Não se quer com isso contestar o legítimo direito do Governo Alcides Rodrigues de comemorar a conclusão destas duas primeiras e importantes etapas do Sistema João Leite. Como ser rigoroso com um governo já em seu último ano e tão carente de fatos e obras para se afirmar?

Não se trata de reclamar da falta de reconhecimento das contribuições de governos anteriores, nem mesmo as do Governo Marconi Perillo, que teve o mérito maior de conseguir tirar o projeto do papel, concluir a primeira etapa e ter tornado irreversível a continuidade da construção do Sistema do João Leite. O que se pretende deixar claro é a importância da continuidade das ações governamentais.

Uma boa e saudável prática política a ser sempre seguida, se os fatos verdadeiros e o reconhecimento do trabalho dos antecessores ao governante de plantão não fosse geralmente turvados, como é o presente caso, com as impurezas do ciúme, da ingratidão e da traição.

Felizmente, uma forma em extinção de agir que o povo sabe reconhecer e punir na devida hora.

Geraldo Ferreira Félix de Souza foi presidente da Saneago

Fonte: DM

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Lei que determina a contratação de aprendizes pelas empresas ainda é pouco conhecida

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Brasil precisa melhorar o cumprimento da Lei de Aprendizagem, regulamentada em 2005, para atingir a meta de 800 mil aprendizes contratados até o fim do ano, afirmou à Agência Brasil a representante da organização não governamental (ONG) Atletas pela Cidadania, Fabiana Curici.
Fabiana lembrou que lei, sancionada em 2000, só foi regulamentada cinco anos depois. Desde então, foram contratados 170 mil aprendizes.

Ela disse que as empresas ainda estão num processo de conhecimento da lei e que, por isso, há um número tão baixo de contratações. Para ela, a lei precisa ser mais divulgada. "Também a fiscalização é importante, não só para autuar as empresas, mas para que a lei seja bem executada e tenhamos jovens realmente se qualificando, estudando e com potencial de crescimento na vida deles”, acrescentou.

O secretário executivo do Ministério do Trabalho, André Figueiredo, informou que várias ações têm sido promovidas para conscientizar as empresas da existência da lei e também da obrigatoriedade de contratação de aprendizes. Segundo Figueiredo, hoje há um estoque de cerca de 290 mil aprendizes já formados e cerca de 170 mil contratados pelas empresas.

Ele admitiu que o número está aquém da meta de 800 mil jovens aprendizes formados em cursos até o final deste ano. De acordo com Figueiredo, isso se explica pela dificuldade das empresas contratarem esses jovens. “ Na maioria das vezes, há o desconhecimento da lei e da obrigatoriedade da contratação. O grande elemento dificultador, se é que existe, é a inexistência de cursos”, ressaltou.

Figueiredo disse que a reclamação da falta de cursos vem de empresas situadas em locais distantes dos grandes centros. Para resolver a questão, o Ministério do Trabalho já fez o cadastro de todas as entidades que podem oferecer cursos de aprendizagem. Conforme dados do ministério, há 1.213 entidades cadastradas em todo o país que podem ministrar tais cursos.

“Não queremos inserir aprendizes só para atingir um número que nos satisfaça em termos quantitativos. Queremos que os aprendizes sejam inseridos, mas que possam adquirir conhecimento e que, depois desse período de aprendizagem, tenham inserção definitiva no mercado de trabalho”, comentou.

A Lei da Aprendizagem estabelece que todas as empresas de médio e grande portes são obrigadas a contratar adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos. O contrato é de no máximo dois anos. Os jovens contratados pelas empresas têm de estar matriculados em cursos de aprendizagem em instituições reconhecidas pelo Ministério do Trabalho.

Segundo a lei, o número de aprendizes que as empresas devem contratar varia de 5% a 15%, de acordo com o número de empregados em funções que demandem formação profissional. O empregador poderá contratar o número de aprendizes mais adequado a sua empresa, desde que respeite o mínimo estabelecido por lei.

Edição: Nádia Franco

Relator acredita que mudanças do Ficha Limpa só valerão em 2012

10/02/2010

O relator do grupo de trabalho que vai analisar o projeto Ficha Limpa (PLP 518/09) e outras 13 propostas que tramitam em conjunto, deputado Indio da Costa (DEM-RJ), acredita que as mudanças nas regras de inelegibilidade, se aprovadas, só valerão a partir das eleições de 2012.

A previsão é de que o texto final seja votado em Plenário até o fim de março. Costa afirma que o texto pode até explicitar que as regras valerão a partir de 2010, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) teria de ser consultado sobre a constitucionalidade da aplicação da lei neste ano.

O relator lembra que, de acordo com a Constituição, leis que alterem o processo eleitoral só são aplicadas um ano após o início de sua vigência. “Acharia ótimo se pudesse valer a partir de 2010, mas essa é uma questão que o STF tem que responder”, disse.

Leia reportagem especial sobre o projeto da Ficha Limpa e as propostas em conjunto.

Análise técnica
Costa afirma que já solicitou a uma equipe técnica a análise das 14 propostas que tratam do tema. Um deles, o Projeto de Lei Complementar 404/08, é de sua autoria. O texto prevê casos em que o candidato se torna inelegível por três anos quando condenado em primeira instância.

O Ficha Limpa – proposta de iniciativa popular que recebeu mais de 1,3 milhão de assinaturas – também prevê inelegibilidade após condenação em primeira instância, mas amplia o prazo de três para oito anos e inclui novos dispositivos na legislação (Lei Complementar 64/90). Um deles prevê que parlamentares que cometerem quebra de decoro se tornarão inelegíveis mesmo se renunciarem para evitar a cassação.

Participação da sociedade
O relator do grupo de trabalho afirma que pretende ouvir o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e todas as entidades que apoiaram o Ficha Limpa. Para ele, uma alternativa a ser discutida é condicionar a inelegibilidade à condenação em segunda instância. O deputado afirma que o texto final deverá atender aos anseios da sociedade, mas também ter a viabilidade de ser aprovado pelo Congresso.
Fonte: Agência Câmara

Ciro Gomes quer implantar Lei da Responsabilidade Social

Quarta-feira, 10/02/2010

Brasília - O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), que é pré-candidato à Presidência da República, afirmou hoje que um dos projetos mais importantes que tem para o Brasil é o da Lei de Responsabilidade Social (LRS). Pela lei, o governo federal será obrigado a garantir índices mínimos de desenvolvimento econômico e de qualidade de vida nos estados e municípios.

Com a LRS, a União ganha poder de supervisão, avaliação, controle e intervenção nos estados. Segundo Ciro Gomes, o governo federal, em conjunto com os governos estaduais, prefeituras e o Congresso, passa a definir metas socioeconômicas para os estados, se os prefeitos e governadores não cumprirem, a União poderá intervir na região, detectando e solucionando o problema.

O deputado deu como exemplo o sistema público de Saúde, financiado pelo governo federal. "Vamos dizer que o presidente baixa um decreto dizendo que o máximo tolerável de mortalidade infantil é de 18 por mil. Todos os estados terão que cumprir, mas naqueles em que o índice ultrapassar o definido, o governo federal entra. Qual é o problema? É falta de profissional, então vamos resolver, traz profissional, capacita. O problema é o prefeito desviando verba, então aciona o Ministério Público. Mas tem que solucionar, da questão mais simples à mais grave."

Ciro Gomes disse que a "lei não foi feita com o objetivo de intervenção, mas se for preciso, dá ao governo esse direito para que as suas regras sejam cumpridas". "Vamos supor que a gente entra num esquema para acabar com a dengue e a campanha não funciona em determinada região. Chega a supervisão, avalia, senta e vê o que está acontecendo. `As vezes falta um pouquinho de recurso, então, a intervenção neste caso é reforçar o dinheiro.", explicou o deputado.

Para Ciro Gomes, a LRS vale também para outros setores, como a Educação e a Segurança, sendo que "este último tema é muito mais complexo, com a lei tendo que se especializar aí. Será União, Estado e Município trabalhando juntos." De acordo com o deputado, a intervenção só acontecerá quando for para garantir um mínimo de dignidade de vida para o povo.

O projeto de Lei da Responsabilidade Social está sendo estruturado com base em muito estudo e discussão em torno do assunto com especialistas, professores universitários e profissionais de diversas áreas envolvidas, afirmou Ciro Gomes. "Tenho falado muito com o presidente Lula sobre isto. Todos os avanços importantes do governo Lula não são leis. Um vento de mau jeito na política e tudo pode se desmanchar. Infelizmente, o tempo está passando e nada acontece."
Fonte: Jornal da Mídia

Bancos projetam crescimento de 5,3% para economia brasileira em 2010

10/02 - 16:22 - Nelson Rocco, iG São Paulo

Os bancos estão mais otimistas em relação à economia brasileira. As instituições melhoraram suas projeções de crescimento econômico e de concessão de crédito, apesar de apostarem na alta da taxa básica de juros e numa leve desvalorização da moeda. A expectativa de 30 bancos consultados pela Febraban é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do País tenha crescimento de 5,3% em 2010 e um desempenho um pouco menor no ano seguinte, de 4,5%. Na pesquisa anterior, realizada em dezembro, o sentimento era de que o PIB teria alta de 5,1% neste ano, e na avaliação feita em outubro, de 4,6%.

Os dados fazem parte da Pesquisa Febraban de Projeções Macroeconômicas e Expectativas de Mercado, divulgada há pouco pela federação dos bancos. Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, afirma que a pesquisa mostra uma “melhora geral no cenário econômico”. As dúvidas, diz ele, ficam por conta do que acontecer no cenário externo. “A tendência de melhora da economia só não fica melhor por conta das incertezas internacionais”, diz. “Se o cenário externo piorar, pode haver um desequilíbrio das contas correntes.”

Pela pesquisa, o crescimento do PIB será influenciado pelo aumento do PIB industrial, com previsão de alta de 6,9%. Só a produção industrial do País terá um desempenho 8,5% melhor neste ano, diante de uma queda de 7,4% em 2009. As previsões indicam que a balança comercial deve fechar o ano com saldo positivo de US$ 9,5 bilhões, embora muito menor do que os US$ 25,3 bilhões do fechamento do último exercício. Esse dado reflete, segundo Sardenberg, a incerteza com o exterior, já que uma piora deverá afetar as exportações e os preços das commodities. A taxa de câmbio prevista pelos bancos é de R$ 1,82 por dólar no final do ano, enquanto no fechamento de 2009 estava em R$ 1,74.

Os bancos brasileiros acreditam que a taxa Selic deve subir dos atuais 8,75% para 11,00% no final de dezembro, recuando um pouco para 10,75% no ano que vem. Esse incremento deve se dar como em outros momento da economia brasileira, em que o Banco Central subiu os juros de forma paulatina. Assim, os bancos preveem que a taxa passe para 9,25% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 28 de abril, e para 9,75%, na de 9 de junho. E assim sucessivamente até chegar nos 11%.

Sardenberg afirma que os resultados dos bancos e as estimativas que têm dado ao mercado mostram disposição até mais agressivas em conceder crédito da que foi captada no levantamento. Pela pesquisa, as instituições estimam elevar o crédito geral em 20,6% em 2010 e em 19,2% no ano seguinte. Em 2009, o aumento foi de 14,9%. Esse aumento será puxado pela maior oferta de recursos para pequenas e médias empresas, com previsão de 22,7% de alta para este ano. As operações para as pessoas físicas tendem a mostrar estabilização, enquanto o esperado para o crédito de veículos é uma ligeira elevação. A taxa de inadimplência superior a 90 dias deve cair para 4,6%, dos 5,6% efetivos do ano passado.

“A oferta de crédito para empresas foi muito restrita no ano passado. E a demanda também. Pela pesquisa, o crédito para pessoas jurídicas se recupera expressivamente”, diz o economista-chefe. Segundo os dados da Febraban, as operação para empresas em geral tiveram leve aumento, de 1,2%, no ano passado, enquanto as expectativas dos bancos é de alta de 22,7% neste ano. “Há uma oferta maior de recursos para pequenas e médias empresas e há também um aumento na demanda.”

Fonte: Último Segundo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Temer propõe a trabalhadores redução da jornada para 42 horas

O presidente da Câmara, Michel Temer, propôs nesta terça-feira a líderes de sindicatos de trabalhadores a redução da carga horária de 44 para 42 horas semanais. A proposta, a ser levada ao Plenário, prevê uma redução gradativa de menos uma hora em 2011 e uma em 2012. Se aceita, será incluída na PEC 231/95, que define uma carga de 40 horas. Depois o tema voltaria a ser debatido no Congresso Nacional.

Segundo o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), as centrais sindicais vão levar a proposta às bases para obter a opinião da maioria. Ele ainda informou que a sugestão de Temer mantêm a hora extra com 50% de acréscimo, mas prevê uma negociação com o governo para haver compensação fiscal ao empresariado.

O deputado acrescentou que Temer espera retomar as negociações com os sindicatos dos trabalhadores logo após o Carnaval e, caso concordem com sua proposta, vai procurar os líderes partidários para, em seguida, colocar o projeto em votação no Plenário.

Manifestação

Antes do encontro com o presidente da Câmara, as centrais sindicais fizeram mais uma manifestação para pressionar os parlamentares a votar a PEC 231/95. Os trabalhadores querem que a matéria seja analisada ainda no primeiro semestre.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, enfatizou que a compensação fiscal aos empresários não está em pauta porque desde a Constituição de 1988 não há redução da jornada de trabalho. “Desde então, o empresariado vem auferindo produtividade, mas não repartiu com os trabalhadores. Não é hora de falar em compensação fiscal”, completou.

O deputado Paulo Pereira da Silva disse que após o Carnaval haverá “um festival de greves em todo País” para reivindicar a redução da jornada.

Empresários não aceitam redução

Representantes dos empresários também se reuniram nesta terça-feira com o presidente Michel Temer e disseram não aceitar a redução da carga de trabalho para 40 horas.

O vice-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Roberto Della Manna, e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro (PTB-PE), avaliaram que não há possibilidade de os empresários aceitarem a redução da carga de trabalho, como previsto na PEC 231/95. “Não há possibilidade nem mesmo de haver uma redução gradativa, a cada ano”, afirmou Armando Monteiro. “Se houver a redução da jornada vai haver desemprego no País”, acrescentou Della Manna.

O presidente Michel Temer disse que vai propor uma solução alternativa, que faça uma mediação entre as duas partes – trabalhadores e empresários. Um dos pontos previstos, conforme Temer anunciou aos representantes dos trabalhadores, seria uma compensação fiscal ao empresariado, o que envolveria um acordo com o governo.

Fonte: Agência Câmara

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dilma pede que prefeitos mostrem projetos para PAC 2

06/02/2010
A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, elogiou hoje os prefeitos, afirmando que eles participam de todos os programas de envergadura do governo federal e sugerindo que montem seus bancos de projetos para aproveitar os recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, que será lançado no final de março. "Não faltará recursos para quem tiver projetos", garantiu, para uma plateia de cerca de cem administradores municipais e mais 600 secretários, vereadores, deputados, assessores e militantes reunidos no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Dilma também agradou os ouvintes lembrando que, apesar de ser mineira, passou a metade da sua vida no Rio Grande do Sul e assumiu a condição de "gaúcha de propósito" que o escritor Luis Fernando Verissimo lhe atribuiu há alguns anos. Organizado pelo prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, o evento recebeu o nome de "O PAC e o Futuro do Brasil". Entre os convidados estavam políticos de diversos partidos da base de apoio ao governo federal.

Na palestra, a ministra disse que o governo federal já investiu 60% dos R$ 638 bilhões previstos para o PAC 1 e adiantou que o PAC 2 terá como prioridade a solução de problemas urbanos, como saneamento, transporte, creches e segurança. Dilma não citou o valor dos novos investimentos e destacou que é obrigação do atual governo federal deixar programas previstos para quem vier a sucedê-lo. Embora tenha evitado abordar a campanha política, Dilma deixou escapar temas de comparações com gestões federais anteriores que farão parte do debate eleitoral deste ano ao reiterar que não havia investimentos em habitação e que o Brasil passou deixou de recorrer a empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Fonte: Agência Estado - Elder Ogliari

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Programa de TV do Partido Verde - 2010

Temer: votação do Ficha Limpa pode ocorrer em março

O projeto Ficha Limpa (PLP 518/09) deve ser votado em março. A proposta torna inelegíveis os candidatos que já tenham sido condenados pela Justiça em primeira instância em processos criminais, eleitorais e de abuso de poder. O presidente da Câmara, Michel Temer, afirmou nesta quinta-feira que o objetivo de criar o grupo de trabalho para analisar o projeto sobre a ficha limpa foi agilizar a tramitação da proposta.

Durante a reunião de líderes desta semana, ficou acertado que a proposta será analisada por um grupo de trabalho, que apresentará um parecer ainda neste mês. "O objetivo é tentar aglutinar, juntar as várias propostas que existem para que possamos levar ao Plenário algo mais ou menos acordado, mais ou menos em consenso.”

Em razão do feriado do Carnaval, Temer acredita que não será possível votar a proposta nas duas próximas semanas. Nesse período, ele quer que os representantes dos partidos discutam um texto consensual e avaliem a possibilidade de apresentar uma emenda aglutinativa que seria votada pelo Plenário. Com isso, parte das divergências seria resolvida antes de a proposta começar a ser discutida no plenário, o que agilizaria a aprovação das mudanças.

Temer ainda lembrou que, pelo processo de tramitação normal, a proposta teria que ser analisada nas comissões. Com a análise direta pelo Plenário, o tempo de tramitação é reduzido, o que também agilizará a votação da proposta. A expectativa, segundo ele, é votar a proposta em março.

Pré-sal
Em relação aos três projetos do pré-sal ainda pendentes, Temer afirmou que a expectativa é que as votações dessas propostas possam ser retomadas já na próxima semana. Ontem, acordo de líderes vinculou a retomada da análise dos projetos do pré-sal à votação dos vetos presidenciais à lei Orçamentária de 2010 pelo Congresso. A expectativa é que a sessão conjunta para analisar os vetos seja realizada na terça-feira (9) ou quarta-feira (10).

Temer acredita, no entanto, que as votações dos projetos do pré-sal só serão concluídas depois do Carnaval.

Piso para PMs
Sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 300/08, que cria um piso salarial nacional para os policiais militares e bombeiros militares, o presidente da Câmara estuda a possibilidade de colocar em votação a PEC 446/09, do Senado, que também prevê a criação de um piso salarial nacional para policiais civis, militares e bombeiros militares. A proposta transforma os salários dessas três categorias em subsídios e estabelece que o piso será fixado em lei federal.

Ele lembra que a opção pelo texto já aprovado pelo Senado vai agilizar a aprovação da mudança constitucional, já que, somente em caso de eventuais mudanças feitas pelos deputados, a proposta retornaria ao Senado. Temer disse que sua intenção é analisar as duas propostas conjuntamente para acelerar a análise.

Redução da Jornada
Na entrevista, ele também afirmou que vai se reunir com parlamentares representantes do setor empresarial para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95 , que reduz a carga de trabalho das atuais 44 horas para 40 horas semanais.

Temer informou que o encontro foi solicitado ao deputado Armando Monteiro (PTB-PE), presidente da Confederação Nacional da Indústria. O presidente da Câmara explicou que vai intermediar um acordo entre os representantes de trabalhadores e empresários na Câmara para viabilizar um consenso para a votação da proposta. Ele acredita que será possível encontrar um meio termo entre 40 e 44 horas.

Reportagem –Geórgia Moraes/Rádio Câmara
Edição – Paulo Cesar Santos

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Indústria de máquinas e equipamentos espera crescer até 18% em 2010

03/02/2010 - 16h09

MARIANA SALLOWICZ
Colaboração para a Folha Online

A indústria de máquinas e equipamentos espera ter um aumento de até 18% no faturamento em 2010, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos).

O crescimento não será suficiente para recuperar totalmente as perdas acumuladas em 2009, quando o setor teve retração real de 20%, ante 2008.

Para isso, seria necessária alta de, pelo menos, cerca de 25%, segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. "Acreditamos que será possível ter um aumento entre 15% e 18% neste ano, sendo que dá para fazer mais se recebermos incentivos", avalia.

Aubert Neto destaca que o setor foi um dos mais afetados pela crise econômica, o que se refletiu principalmente nas quedas das exportações, de 40,5%. Entre os motivos, aponta o forte impacto da retração no mercado mundial e o câmbio desfavorável, com o real valorizado.

Para que o setor volte a ficar competitivo, segundo o presidente, seria necessário que a cotação do dólar estivesse em torno de R$ 2,30 -- na tarde de hoje, estava sendo negociado a R$ 1,84. Também é preciso linhas de crédito, como o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), do BNDES, que termina em junho e tem taxas de juros reduzidas (4,5% ao ano).

Temor

De acordo com o especialista, o setor corre o risco de "desindustrializar", perdendo tanto a competitividade tanto no mercado externo quanto no interno. Aubert Neto cita como exemplo empresas de representação que vão a países como a China e trazem máquinas para o Brasil, vendendo a preços mais baixos do que os fabricados no país. "Com o tempo, se isso se mantiver, vamos parar de produzir, o que certamente irá gerar desemprego".

No ano passado, houve queda de 3,7% nos empregos do setor, que encerrou com 233.938 trabalhadores.

Ele cita ainda o "custo Brasil", se referindo a impostos e tributos. "Nosso país é o único do mundo que tributa investimentos". Segundo ele, somando-se esse último fator com as perdas do câmbio, os produtos da indústria nacional perdem de 40% a 50% de mercado.
Fonte: Folha Online

Mantega aumenta pressão contra aumento dos juros

Quarta-feira, 03 de fevereiro de 2010.

AE

O debate em torno do tema econômico preferido do governo Lula - crescimento versus juros - voltou mais forte no início do ano e tem alimentado uma nova queda de braço nos bastidores da equipe econômica. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aumentou a pressão junto ao Banco Central (BC) na tentativa de evitar que seja iniciado um novo ciclo de alta da taxa Selic já em março.

A avaliação na equipe de Mantega, segundo fontes, é de que antes de mexer na Selic o BC deve primeiro apertar os depósitos compulsórios. A lógica da Fazenda é a seguinte: durante a crise financeira, o BC mexeu primeiro nos compulsórios (liberando R$ 100 bilhões) para só depois reduzir a Selic e, agora, deveria seguir o mesmo caminho. O BC afirma que já vem reduzindo o direcionamento do compulsório, mas não confirma a possibilidade de um aumento das alíquotas.

A questão foi levada por Mantega ao presidente Lula. Com o argumento que os números indicam que o ritmo da economia não está tão acelerado como apontam os analistas do mercado, o ministro procurou mostrar ao presidente de que não há necessidade de aumento da Selic, porque a inflação está sob controle e o crescimento previsto é sustentável.

O BC, porém, vê com mais cautela o movimento de retomada da economia e avalia que pressões inflacionárias devem ser combatidas no nascedouro para evitar que o crescimento seja prejudicado. Para o BC, não há incompatibilidade entre a política monetária e a expansão da economia, já que preservar a estabilidade é uma condição necessária ao crescimento.

Mantega e sua equipe cobram do presidente do BC, Henrique Meirelles, uma ação ainda mais coordenada do que a feita no auge da crise para, agora, garantir um crescimento superior a 5%. Internamente, a Fazenda imputa ao BC a conta de um Produto Interno Bruto (PIB) menor em 2009 por causa de um suposto atraso do Copom em reduzir a Selic na crise. Enquanto a crise estourou em 15 de setembro, com o quebra do Lehman Brothers, o BC só começou a reduzir os juros no fim de janeiro.

O secretário de Política Econômica da Fazenda, Nelson Barbosa, disse em um artigo recente que a desvalorização do real logo após a crise fez o BC relutar em cortar a Selic, "mesmo diante de uma abrupta queda do nível de atividade". A demora, afirma o secretário, teve de ser compensada por medidas de política fiscal, como desonerações tributárias e a redução do superávit primário. A posição do BC, expressa em público várias vezes nos últimos meses, é de que era necessário avaliar melhor a situação econômica antes de cortar a Selic. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Não houve queda de carga tributária, mas sim privilégio

03/02/2010
Por Miriam Leitão

Mesmo com os cortes setoriais de impostos, a carga tributária ficou quase igual à dos anos anteriores. Ficou em 35,02%, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, isso é uma queda de apenas 0,14 ponto percentual.

Isso mostra que o ministro Guido Mantega estava errado quando dizia que estava reduzindo a carga tributária. Na verdade ele estava dando privilégios para alguns setores, como os fabricantes de carros, que receberam do governo uma renuncia fiscal de R$ 10 bilhões. Isso não é reducão de carga tributária. é ajuda aos setores. É política velha, que sempre foi feita no país e que tem uma característica: a ajuda é maior para os setores com maiores lobbies. Um pais que cobra imposto de remédio de uso constante e de alimentos, reduz imposto de carro. Na minha visão não faz muito sentido.

O que faz sentido seria reduzir a tributação que recai sobre o emprego no Brasil. E de uma forma geral. Se ficar mais barato emprego o governo estará dando um empurrão para a criação de emprego que é o grande desafio atual. E isso poderia ajudar todos os setores, principalmente os que dependem de muita mão de obra.

Ajuda setorial é atendimentod e lobby, distorce e privilegia. Reducão de carga tributária tem que ser com medidas gerais que beneficiem todos os setores. O que o governo fez no ano passado foi privilégio. Alguns receberam alívio, o resto da economia continuou pagando muito imposto apesar da crise e a conta do IBPT mostra isso.