quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Gosto pelo mando

Por Sergey Albernaz - 29/01/2009

Eu nunca entendi muito bem como funciona essa coisa de um único indivíduo ou um pequeno grupo dominar uma população inteira. Ainda hoje se tem a ideia de que os homens podem ser classificados como superiores ou inferiores desde suas origens, na barriga de suas mães. Esse tipo de ideia só serve para justificar a exploração do homem pelo próprio homem. Nunca existirá igualdade entre os homens, virtudes e defeitos encontram um ponto de equilíbrio, e o que leva uma pessoa a querer dominar a outra tem causa na formação social de cada um.Se o homem possui inteligência, capacidade de entendimento e poder de decisão, pode muito bem dar as costas para as pessoas que se dizem líderes naturais. Existem pessoas que gostam de dominar as outras, não são pessoas com superpoderes, nem escolhidos, nem nasceram dominantes. Quem gosta de dominar é, geralmente, inteligente e forte; parece uma receita ideal, o cérebro e a força física ajudam muito, mas não são essenciais nesse caso. Capacidades indefinidas como iniciativa, carisma e autoconfiança têm um peso maior numa personalidade dominante. Sendo assim, o homem dominador tem força física, inteligência, ambição, saúde, coragem e persistência. É forte para superar qualquer dificuldade, nunca ficará doente, sempre fará uso do bom senso na hora certa e nunca perderá a calma em momentos de tensão. Diferentemente do dominador, o líder possui um conjunto de qualidades opostas que se harmonizam, entrando em equilíbrio, como a força e a fraqueza. É esse equilíbrio que sabe a dose e o momento certos para se proteger de ataques de natureza física e psicológica.O líder é aquele que promove a liderança, e para se ter uma verdadeira liderança é preciso que os liderados concordem com as ordens, e, o mais importante, entendam os princípios em que elas se baseiam. A história nos conta que, quando um povo é submetido à força, esse mesmo povo se revolta contra esse falso líder e lhe arranca o poder das mãos. O fim dessa história você já conhece! Cadeia ou guilhotina.A liderança pode ser analisada pelo tipo de autoridade que é exercida pelo líder, em função dos motivos pelos quais suas ordens são obedecidas e pela compreensão do papel do líder em determinado sistema social. Por exemplo: empregados aceitam ordens de um patrão porque estão sendo pagos para isso. O patrão não é um líder, o pagamento é substituído por qualquer outro tipo de vantagem ou por razões morais, afetivas, políticas ou religiosas. Max Weber, sociólogo alemão (1864), diz: “A aceitação dos costumes e os interesses materiais predominam na maioria das situações.”Característica marcante na figura de um líder é a habilidade política, a capacidade de viver bem com as pessoas ao seu redor, não apenas nos bons momentos, mas também naqueles ruins, mantendo a estrutura das relações em bom funcionamento. A legítima liderança é aquela onde ao líder é permitido liderar, ele será aceito cada vez mais se os que ele lidera sentirem a vontade e o dever de obedecer.No plano político, existe uma dominação chamada por Max Weber de Racional legal. “A aceitação da dominação tem um aspecto legal, o líder tem poderes previstos por leis, normas ou regulamentos.” O problema começa aí! A instabilidade social que vivemos tem sua origem na entrega das posições de controle para indivíduos “não líderes”. Ocupam a posição por terem ligações influentes, forçando os verdadeiros “líderes” a obedecer a indivíduos que não respeitam e não possuem capacidade de liderança.
Sergey Albernaz é jornalista
Fonte: DM

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