Por João Neder
O regime democrático está baseado na organização política na qual os partidos políticos têm papel fundamental.
As correntes de opinião que se divergem acabam por formar as agremiações partidárias que estruturam do ponto de vista ideológico, no plano nacional, sendo que no plano regional a base doutrinária não chega a ter prevalência sobre as questões regionais, pois aí começam as fragmentações dos partidos políticos que deveriam guardar integridade de programas e postura ideológica, deixando uma lacuna na prática da existência de partidos nacionais, como seria ideal que existissem.
A prova mais comum da fragmentação dos partidos políticos está na celebração de alianças em municípios e até Estados, quando são deixados de lado o programa, a pregação ideológica, os compromissos da legenda em outras regiões.
Num País que tem mais de 20 partidos registrados, alguns sem qualquer representação no Senado e na Câmara dos Deputados, até sem eleitos para as assembleias legislativas e câmaras municipais, é algo a ser pensado em termos de pulverização de legendas, surgindo consequências das mais prejudiciais no cenário político de “legendas de aluguel”, tornando o processo eleitoral viciado pelos atos de corrupção, desde a compra de votos até as fraudes eleitorais.
As divergências que costumam resultar em dissidências, notadamente nos grandes partidos, são decorrentes de pontos de vistas que nem sempre têm conteúdo essencialmente político, podendo ser o pé na outra canoa, escondendo interesses pessoais ou grupais, como oportunidades de cargos públicos, ainda que sejam de escalões modestos, mas é o abandono da planície a que estão há muitos condicionados politicamente.
Dizem os mais espertos e pouco éticos que a política tem suas artes, apontando a traição e mentira das muitas versões como atos e fatos corriqueiros da realidade da política partidária como acontecimentos normais na busca do poder e à caça de votos.
Esses conceitos de política revelam o atraso a que estamos submetidos, quando o eleito passa a lixar-se para o eleitor, toma as atitudes que lhe interessa, esquece as promessas de campanha e procura desfrutar das facilidades e delícias do poder.
A crise de caráter e de honestidade que domina especialmente as casas legislativas tem sua origem no despreparo e na ambição de políticos que fazem do cargo público eleitoral meio de vida, no melhor que puder desfrutar, sem se importar com o presente e o futuro do País em que milhões de compatriotas esperam por educação, saúde e segurança, um pouco de ações que visam o bem-estar da coletividade.
Mas voltando à vaca fria, não entendo o porquê das dissidências num País que tem mais de 20 partidos, com legendas abertas a quantos delas quiserem filiarem-se, porque acho que dissidência mina a credibilidade das organizações partidárias, de seus dirigentes, enquanto a dissidência acaba por parecer birra de alguém que não ganhou o pirulito.
João Neder é jornalista, advogado criminalista e promotor de Justiça aposentado
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