quarta-feira, 29 de julho de 2009

Doce e colorido balanço de Canoa - Deixe-se levar pelo clima bicho-grilo entre as falésias e o verde do mar

Mônica Nóbrega/AE
A poucos minutos do centrinho, a maré baixa forma ótimos pontos para banho
Por Mônica Nóbrega - O Estado de S.Paulo
CANOA QUEBRADA - O mar é coadjuvante em Canoa Quebrada. O olhar de quem caminha pela areia macia dessa praia cearense se perde primeiro no vermelho-vivo da falésia, para só então reparar que o oceano, naquele trecho do litoral, é verde.
Com o paredão enfeitado com a lua e a estrela de um lado e o horizonte salpicado de jangadas do outro você entende por que os hippies caíram de amores pelo lugar nos anos 1970.
Naquela época, barraca de camping e violão eram itens de primeira necessidade para uma temporada em Canoa. Hoje, a vila ganhou muito em infraestrutura - como calçadão e passarela panorâmica em torno do centrinho -, sem perder o delicioso clima bicho-grilo.
Afinal, apesar dos cozinheiros estrangeiros e dos recepcionistas bilíngues, esse distrito do município de Aracati ainda é repleto de personagens como o garçom Francisco, relações públicas não-oficial da barraca de praia O Gulinha. Cheio de manha e gírias, ele convence o cliente a chegar e sentar. Minutos depois, já engatou uma prosa e filou um copo de cerveja.
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Distante 164 quilômetros de Fortaleza, Canoa é vendida na capital como passeio de um dia. Tempo suficiente para alguns banhos de mar e um almoço com os pés na areia. E pouco para pegar o espírito do lugar.
CITY TOUR
Enquanto não chega a hora do luau na praia (o da barraca Lazy Days é semanal), turistas fazem o que se faz em quase todo o litoral nordestino: passeios de buggy. Canoa Quebrada tem a sua versão, muito particular, de city tour. Em vez de avenidas e monumentos, surgem dunas e gigantes cataventos captadores de energia eólica. Na Vila do Estêvão, habitada por pescadores, o turista fica sabendo que ali foram filmadas cenas do longa Bella Dona (1998), do reality show Troca de Família e da novela Malhação. Por isso, os fios de eletricidade estão sob a areia.
Da Duna do Pôr do Sol, a mais alta de Canoa, tem-se uma bela vista panorâmica do mar, do centrinho, da vegetação nativa e do prestes a ser inaugurado Aeroporto de Aracati. A pausa seguinte é um apelo irresistível a buscar alívio para o calor na lagoa de água verde e doce, à qual se chega de esquibunda (R$ 2) ou tirolesa (R$ 3).
PONTA GROSSA
Ao contrário dessa voltinha de buggy pelos arredores da vila, atração disponível a qualquer hora, o passeio até Ponta Grossa exige agendamento. Isso porque depende dos altos e baixos do oceano. É preciso sair duas horas antes do pico mínimo da maré (as pousadas têm a tabela) para cruzar os 35 quilômetros ladeados por falésias vermelhas, cinzas, brancas, recobertas de verde e, em alguns casos, soterradas por dunas ou corroídas pelas ondas.
O passeio tem seu ponto alto de beleza na Garganta do Diabo. Trata-se de uma fenda entre os paredões de areia, da qual brotam várias fontes de água doce. Uma lama clara se forma no chão - e tem propriedades embelezadoras, dizem.
Casas arruinadas pelo mar chamam a atenção no Retirinho. Pouco antes de chegar a Ponta Grossa, o bugueiro faz uma parada para banho. É um trecho curioso de mar. Pode-se caminhar metros e metros em direção ao fundo que a água não passa dos joelhos. Deitar é a única forma de molhar o corpo. Cem por cento seguro - talvez por isso, pescadores de lagosta que vivem na região levam suas crianças para brincar ali.
Associação de Bugueiros de Canoa Quebrada: tel.: (0--88) 3421-7175. Passeios custam entre R$ 130 e R$ 200 por carro
OPÇÕES À MESA
Barracas de praia são a opção na hora do almoço. As que ficam perto do fim da Broadway, a avenida do calçadão, recebem os excursionistas de um dia, são lotadas e barulhentas. Ande para a direita para encontrar as opções mais agradáveis: O Gulinha, onde o peixe assado na telha com camarões custa R$ 35, para duas pessoas, e os pufes e espreguiçadeiras da Lazy Days. O prato com sotaque local, a peixada cearense, leva ovos e legumes cozidos no molho e sai por cerca deR$ 40 por pessoa.
Os restaurantes da Broadway abrem para o jantar. Em um ambiente com decoração inspirada em Barcelona e mesas na varanda, o chef catalão Manel Oleart serve pessoalmente a panela fumegante de arroz com camarões, anéis de lula e lagostas suculentas. A paella e o fideuá, receita semelhante, mas com macarrão cabelo de anjo no lugar do arroz, são os pratos principais do cardápio do Costa Brava (0--88-3421- 7088). É o melhor restaurante de Canoa Quebrada, apesar de os preços não serem exatamente camaradas, provável consequência da superioridade numérica de clientes que pagam em euro. A paella para duas pessoas custa R$ 78. O menu amplo do Café Havana (0--88-3421-7375) tem opções para escapar dos frutos do mar ao som de MPB ao vivo, aos sábados. No Dalí (0--88-3421-7422) você encontra as sempre bem-vindas massas e pizzas.
Fonte: O Estadão

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