BRASÍLIA - O jogo político que cerca as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) ganhou um novo ingrediente: as eleições presidenciais de 2010. Isso não quer dizer que o Copom trate do tema publicamente ou que o assunto influencie as decisões do grupo. Mas o fato serve como argumento para discutir a tendência dos juros e a conveniência ou não de buscar uma redução mais acentuada da taxa básica. Assim como em todas as outras reuniões para decidir o rumo da Selic, a taxa básica de juros do País, a decisão de ontem, que cortou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 8,75% ao ano, foi cercada pela pressão de quem quer juros mais baixos.
Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista na terça-feira que ?há margem de manobra? para que as taxas continuem caindo. Nos bastidores, havia cobrança para que a taxa caísse mais que 0,50 ponto porcentual e, principalmente, para que a política de cortes continue nas próximas reuniões. O argumento usado pelos defensores de uma postura mais cautelosa passa pela lembrança de que juros ainda mais baixos abririam espaço para o aumento da inflação nos próximos meses. Preços em alta poderiam colocar em risco o cumprimento da meta de inflação de 2010 ou 2011, de 4,5% em ambos os anos.
Para evitar esse quadro, o juro teria de ser elevado em meados do próximo ano, a poucos meses da escolha do novo presidente da República. Portanto, o custo político de uma flexibilização do juro poderia ser maior que o bônus gerado de imediato por uma redução mais acentuada da Selic. Dentro do governo, a maior pressão vem do Ministério da Fazenda, que defende que o Brasil tem uma oportunidade única de reduzir efetivamente o patamar dos juros reais, atualmente em torno de 4,5% ao ano. Na visão dessa ala ?desenvolvimentista?, a queda da atividade econômica mundial e o expressivo ingresso de dólares no País sustentam a redução do nível do juro efetivo no Brasil sem nenhum risco à inflação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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