sábado, 2 de maio de 2009

A exclusão social

02/05/2009

Na periferia das cidades, as feições tristes e desoladas das pessoas que não têm perspectiva nenhuma de vida. A jornada de trabalho começa cedo, sem o café-da-manhã, apenas com um passe de ônibus na mão, saem à procura de um emprego. Qualquer tarefa serve para ganhar o pão de cada dia e assim poder ajudar a família, que não tem o que comer.

As tentações estão em todo caminho, as drogas e o descaso de todos, inclusive dos governos; a falta de um braço amigo que lhe possa dar a mão, um conselho, fazer-lhe uma indicação; nada... Apenas a esperança e a força de vontade de não desvirtuar do caminho do bem, mas a falta de estudo os deixa vulneráveis ao acaso.

Caminhos que levam ao nada, apenas esperança de que um dia alguma porta possa abrir dando lhe um emprego. A humilhação esta sempre presente, a polícia os para... São tratados como escória; primeiro, os humilha e depois os interrogam, mãos para cima, pernas abertas, todos que passam olham a situação deprimente que o pobre tem de enfrentar em seu dia. Não podem defender contra o abuso do poder, não têm a quem recorrer.

Tudo existe porque não tem leis rígidas de defesa do cidadão comum, para que o respeito e a ética possam prevalecer sobre o abuso de poder de certos policiais.

Não adianta ter leis, se essas não são cumpridas. Não adianta ensinar o respeito às pessoas se os governos ensinam a corrupção.

Não adianta ter a religião para iluminar os caminhos, se deixam os inescrupulosos explorarem os pobres.

Não adianta ter ética, se o dinheiro vale mais que a honra e a palavra.

O materialismo passou a ser o deus dos homens e a mulher passou a ser o objeto de uso e descarte.

Os jornais mostram a “ilha da fantasia” : Senado e Câmara federal; Poder Executivo e Poder Judiciário; escândalo de desvio do dinheiro público em todas as esferas.

Os governos esqueceram dos miseráveis, o medo tomou conta das pessoas que vivem em grandes centros urbanos que estão enclausuradas em suas casas e estão cercadas pelos excluídos, que se transformaram em ladrões, assassinos, drogados por falta de oportunidades e escolas.

Os traficantes de drogas estão adotando as crianças do Brasil, enquanto os governantes fecham os olhos.

Estamos perdendo a liberdade de ir-e-vir, não podemos usufruir com liberdade o que possuímos, todos estão vigiados e o medo tomou conta das pessoas.

Nos jornais, as notícias de pessoas pobres que foram presas por terem roubado um litro de leite para o filho, sem Defensoria Pública; às vezes ficam meses na cadeia; enquanto isto, as outras notícias do poder: ninguém foi preso por ter recebido o “mensalão” do governo; os anões do orçamento não devolveram o dinheiro que roubaram, mas continuam soltos... Tanta corrupção que os políticos estão se tornando pessoas malvistas pelo povo. A Justiça brasileira que só serve para punir os pobres e os esquecidos.

Mariana Sheik é psicóloga, teóloga e cientista politíca pela USP
Fonte: DM

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