O Ceará teve a terceira maior expansão de renda do País em 2008, um crescimento médio de 16,9%
Por Artumira Dutra artumira@opovo.com.br
22 Set 2009
Análise comparativa da evolução dos principais indicadores de renda, desigualdade, pobreza e bem-estar nos dois primeiros anos (2007/2008) dos governos estaduais no Brasil, mostra que o Ceará teve uma grande evolução no rendimento familiar médio (16,9%), mas quedas pouco significativas do índice de desigualdade de renda, do número e proporção de pobres.
A taxa de bem-estar social também não foi relevante, especialmente entre os mais pobres. As conclusões são do relatório sobre o desempenho dos estados brasileiros, realizado pelo Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) do Curso de Pós-Graduação em Economia (Caen) da Universidade Federal do Ceará (UFC). O trabalho, divulgado ontem, é baseado nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2008).
O professor e doutor em economia Flávio Ataliba, um dos autores do relatório, diz que o Ceará continua com um índice de desigualdade elevado, mesmo com o crescimento espetacular da renda média das famílias. Caiu apenas 2,44%, entre 2006 e 2008. Com isso o Estado ocupa a 11ª posição no ranking nacional das desigualdades (entre os 26 estados e o Distrito Federal). Para ele, é preciso aprofundar a discussão para reduzir a desigualdade de forma mais rápida e tirar 990 mil pessoas da indigência (dados de 2007). Destaca que isso representa 11% do total da população cearense e não pode ser visto como normal. "É um absurdo, uma aberração", comentou.
A pesquisa do LEP também calculou o índice de bem-estar social a partir da fórmula criada pelo economista Amartya Sen, e concluiu que o Ceará ocupa o 23º lugar. Abaixo dele estão Pernambuco, Piauí, Maranhão e Alagoas. Mas o professor destaca que o cálculo de bem-estar mais próximo da realidade é aquele do economista indiano Kakwani (crescimento pró-pobre, que significa a expansão da renda com os pobres se beneficiando proporcionalmente mais, ou seja, reduzindo a desigualdade).
Ranking
Por esse indicador, o Ceará fica na 18ª posição no ranking brasileiro. De acordo com Ataliba, esse resultado sinaliza que esse bem-estar não veio pelo aumento da renda dos mais pobres mas, proporcionalmente, pela redução da renda dos mais ricos.
Sobre o número de pobres Ataliba observa que, no período 2006 e 2008, houve uma redução de 12,99%.
Mas o resultado não empolga, conforme o professor, porque outros estados tiveram reduções maiores. O Ceará permanece na quinta colocação no ranking dos pobres no Brasil. Passou de 4.711.660 para 4.099.470.
Na proporção de pobres o Ceará subiu duas posições, passou do quarto lugar em 2006 (56,99%) para a sexta (48,39%) em 2008. O professor chama a atenção para o fato de que dos 10 estados com mais pobres nove são do Nordeste e um do Norte.
EMAIS
- De acordo com a pesquisa do LEP/Caen, a renda familiar per capita cearense passou de R$ 301,54, quando o Estado era considerado o 26º mais pobre da Federação, para R$ 352,55 em 2008.
- Com isso chegou a 25ª colocação no ranking nacional
- Em termos de evolução da desigualdade de renda (para o qual foi utilizado o índice de Gini, indicador que mede a desigualdade), o Estado passou a ocupar a 17ª posição. "Temos uma grande expansão de renda e uma redução de desigualdade que não chega a empolgar", disse o professor Flávio Ataliba, ressaltando que estados que tem elevado grau de pobreza, como o Ceará, precisam reduzir mais a desigualdade.
- Completou que entre os instrumentos de redução de pobreza - aumento da renda e redução da desigualdade -, o segundo tem maior impacto
Fonte: O Povo
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