Nada mais importante em um mundo globalizado e competitivo do que conhecer os referenciais de excelência de cada setor, inclusive do setor público. A missão goiana à China tem esse como um dos importantes objetivos. Já nos primeiros dias de visitas e seminários, empresários e componentes do governo de Goiás têm tido oportunidade de presenciar as consequências altamente produtivas da execução de um planejamento estratégico de uma nação que vem se consolidando dia a dia como uma das maiores potências econômicas mundiais.
Em nossa opinião e na de muitos empresários que nos acompanham, planejamento de longo prazo, estratégia, sinergia e persistência têm sido o segredo do sucesso da China. Mais do que importar bens e insumos chineses, temos a certeza de que o Brasil deveria aplicar alguns conceitos práticos de gestão, que temos observado por aqui. Senão vejamos: alguém se lembra quando foi posto em prática no País o último plano de desenvolvimento de longo prazo? Qual tem sido a vantagem prática da política externa brasileira de tentar uma vaga no conselho da ONU, abdicando-se de esforços para se buscar acordos econômicos bilaterais em prol de um combalido
Mercosul, que se arrasta como uma âncora para o Brasil? E o conceito de continuidade de gestão?
Essa viagem à China me trouxe uma inquietante lembrança de outra missão que participei na Europa, quando pude ver um pedacinho do Brasil em cada riqueza europeia. Nos palácios, nos castelos, em muitos lugares podia se ver um pouco do ouro brasileiro e do legado da exploração das commodities da época: borracha, madeira, café, açúcar e outros recursos que enviávamos às coroas europeias. Agora, ao visitar uma siderúrgica chinesa, pude ver um pedacinho do Brasil aguardando para virar riqueza chinesa. Era o minério de ferro brasileiro deitado não em berços esplêndidos, mas posto em uma linha de produção para gerar riqueza para o povo chinês. Como se não bastasse, ao longo do caminho, quilômetros de estradas eram ladeadas por tanques de criação de peixes e crustáceos, alimentados com farelo de soja, quem sabe vindo do nosso glorioso Cerrado goiano.
Imersões como essa, mesmo que rápida, em um mundo diferente, nos trazem muitas reflexões. A China encontrou seu caminho; cabe ao Brasil encontrar sua estratégia.
Por Plínio César Viana, gerente do Centro Internacional de Negócios da Fieg e integrante da missão goiana à China e Rússia.
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