domingo, 8 de março de 2009

8 de março: Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher se valoriza sobremaneira quando se relembra o fato histórico que lhe deu origem.No dia 08 de março de 1857, 129 operárias americanas de uma fábrica de tecidos, em Nova Yorque, morreram carbonizadas, vítimas que foram de um desatinado ataque da polícia. Elas estavam em greve, reivindicando uma jornada de 10 horas de trabalho, ao invés de 15 como então vigorava na época. Podemos considerá-las verdadeiras mártires do trabalho operário.
Por essa sua conotação histórica, o Dia Internacional da Mulher torna-se, ao mesmo tempo, um forte clamor pela justiça no mundo do trabalho e pelo respeito à dignidade da mulher em tantos modos violada e ultrajada pela sociedade. É doloroso constatar multidões de mulheres sobrecarregadas em seus lares pelas tarefas domésticas tantas vezes acrescidas de necessários trabalhos remunerados; esposas e mães submetidas a violências dentro de suas casas; mulheres que assumem o papel de mãe e de pai, porque abandonadas pelos seus maridos; mulheres que são empregadas domésticas mal remuneradas e tantas vezes exploradas pelos seus empregadores. Importa também lembrar aqui, com humana compreensão, a penosa situação de tantas mães solteiras estigmatizadas pela sociedade por essa sua condição de vida. E perguntamos: onde está a responsabilidade dos homens que causaram essa situação? É doloroso também constatar que ainda é pequena a participação da mulher na vida política, cultural e econômica da sociedade. E quando conseguem o sucesso profissional, são vítimas muitas vezes de preconceitos. Pela sua sensibilidade, intuição, criatividade e espírito materno, certamente as mulheres muito podem contribuir para a transformação e a humanização da sociedade.Mais doloroso ainda é constatar a exploração sexual da mulher que se torna objeto de propaganda e consumo. A Campanha da Fraternidade 2009, com seu tema “Fraternidade e segurança pública”, vem denunciando o tráfico de pessoas para fins de exploração de trabalho e de exploração sexual. O tráfico sexual atinge milhares de crianças, adolescentes e mulheres que são aliciadas por quadrilhas internacionais. O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking dos países latino-americanos exportadores de pessoas para esses fins, precedido pela República Dominicana e Colômbia.
A prostituição infantil no Brasil atinge dimensões estarrecedoras. A propósito, assim se expressa uma promotora do Ministério Público do Pará: “são coisas tão bárbaras que, se não existissem vídeos e fotografias, não daria para acreditar que um ser humano possa fazer isso com uma criança”. Esse problema torna-se dramático porque vem se alastrando de Norte a Sul do País. A cidade do Rio de Janeiro ocupa o primeiro lugar no ranking da prostituição infantil, precedida por São Paulo.
A prostituição adulta vai se alastrando pelo País e torna-se ainda mais deprimente quando seus serviços sexuais são oferecidos a quem quiser pagar, com apelos semelhantes à venda de outras “mercadorias” (cf. Texto-base, nº. 140-147).O Dia Internacional da Mulher, com sua forte mística, levanta-se como protesto contra todo tipo de exploração da mulher e como o mais forte apelo em defesa da dignidade intocável e absoluta da mulher.
Quando as mulheres descobrirem e suscitarem toda força e todo protagonismo nelas latentes, muita coisa vai mudar nesta sofrida humanidade. Caro leitor, se você estranhou que até agora não citei o nome de Deus, quero dizer que de Deus eu falei, falando de sua obra prima que é a mulher e o homem, criados à sua imagem e semelhança e remidos pelo sangue de Cristo.
Que o Dia Internacional da Mulher venha particularmente nos lembrar nossas mães, colocando-nos diante do mistério sublime da maternidade, dignificação máxima da mulher. E aqui o olhar do homem se cruza com o olhar de sua mãe. E na limpidez desse dúplice olhar; ele encontrará suficiente motivação para entender melhor as mulheres e saber respeitá-las em sua dignidade e em seus direitos fundamentais. É o que certamente elas esperam dos homens.
Frei Lourenço Maria Papin
Fonte: DM

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