No ano em que as autoridades eclesiásticas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic) escolheram o tema segurança pública para a Campanha anual da Fraternidade, entre os caminhos buscados e as soluções apontadas no sentido de reduzir a violência, proponho uma coalizão de pensamentos e vibrações, sobretudo mobilizando recursos espirituais ao alcance de todos, através de orações, preces, vibrações e mentalizações pela paz, para que os debates em torno da problemática alcancem os objetivos propostos.
Acontece anualmente em Salvador (BA) um movimento denominado Você e a Paz, criado em 1998 por Divaldo Pereira Franco (médium, escritor e conferencista espírita), objetivando a conscientização de todas as forças vivas da sociedade, cidadãos e organizações coletivas – civis, religiosas e governamentais – com relação à paz e à harmonia social, com a finalidade de acelerar a construção do progresso, dos bons costumes, do direito e da solidariedade, como meios para eliminar as exclusões e para promover a riqueza, a vida e o equilíbrio social. O movimento hoje é realizado em diversos Estados do Brasil e também no exterior: Portugal, França, Espanha e Estados Unidos.
Uma interessante experiência realizada na cidade de New York, nos Estados Unidos, atesta positivamente a influência da prece na segurança pública. Milhares de cidadãos foram convocados para emitirem pensamentos de paz, vibrações positivas e preces voltados para a segurança dos cidadãos e atuação nos órgãos de Segurança Pública, por um determinado período em que os índices de violência foram considerados alarmantes, confirmando-se no período escolhido uma diminuição nos índices de homicídios e demais crimes em relação a um mesmo período em anos anteriores.
Relembro a lição de fé da mãe de um reeducando. Sincera em sua fé (religião evangélica), recebera um comunicado de que seu filho tinha se envolvido em uma briga dentro da penitenciária (antigo Cepaigo) e pedia a sua presença. Na enfermaria da penitenciária, constatou que o filho estava machucado, com costelas partidas e escoriações pelo corpo todo. Ali, na presença dos outros prisioneiros, sem outro recurso para pensar as feridas do filho, ela retirou uma peça de sua roupa íntima (anágua) e utilizou como faixas para proteger os ferimentos. Limpando os ferimentos e protegendo-os com a gaze improvisada, ela perguntou ao filho se na manhã do dia em que o fato acontecera ele tinha se lembrado de orar a Deus e pedir a sua proteção. Sincero com sua mãe, admitiu que não havia passado por sua cabeça nenhum pensamento neste sentido. Achei lindo o gesto daquela mãe que, no recesso do coração, guardava a certeza de que Deus não desampara a nenhum dos seus filhos. Aquela mãe alimentava a fé de que, se o seu filho tivesse dirigido um pensamento a Deus, uma prece sincera em busca de ajuda espiritual através da oração, receberia inspiração e ajuda do Alto, concedendo-lhe moratória ou abrandamento para os seus penares.
Orientação espiritual que abrigamos em nossos corações, sempre valiosa em todos os momentos: Em tudo que nos propomos realizar, ao iniciarmos e ao findarmos uma jornada de trabalho, quando saímos para uma simples visita fraterna, quando adentramos a um veículo de transporte ou até quando recebíamos em serviço a notícia de um assalto, de um motim ou de ocorrências de alto impacto emocional, enfim, em todas as circunstâncias, sempre remontamos o pensamento a Deus, a Jesus e aos benfeitores espirituais, entregando-nos em suas mãos e rogando-lhes a proteção em todos os lances difíceis da vida.
Que remédios, pois, poderíamos dar aos que foram atingidos por obsessões cruéis e males pungentes? Um só é infalível: a fé, voltar os olhos para o céu. Se, no auge de vossos mais cruéis sofrimentos, cantardes em louvor ao Senhor, o anjo de vossa guarda vos mostrará o símbolo da salvação e o lugar que devereis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento (Mensagem ditada por Santo Agostinho em Paris no ano de 1863).
Ensinam os benfeitores espirituais que o poder da prece está no pensamento e que podemos orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em comum. A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo, porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Quando Jesus disse que “a fé remove montanhas”, falava no sentido moral e não de uma montanha de pedra, que sabemos impossível remover. As montanhas que atravessam nossos caminhos e que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, o preconceito, o orgulho, os interesses materiais, a cegueira.
Podemos e devemos orar permanentemente pela segurança pública, seja no templo católico, evangélico, espírita, umbandista, em toda parte e a qualquer hora. No próprio ambiente de serviço policial circulam esporadicamente pelo serviço de rádio comunicações, mensagens positivas com votos de “bom serviço com as bênçãos de Deus”, “boa folga e vá com Deus”, “boa Páscoa”, “bom Natal em família” “feliz Ano Novo com muita Paz”, “a Paz do Senhor”, numa demonstração sincera de fé. Que os corações sensíveis nos postos de comando das polícias Militar e Civil, da Segurança Pública e da Justiça em nosso Estado estimulem a oração no ambiente de trabalho e com certeza tudo o mais virá por acréscimo da misericórdia divina.
Por Francisco de Assis Alencar – Cel PM R
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