sexta-feira, 6 de março de 2009

Sustentabilidade no varejo

A 2ª Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco 92, que ocorreu no Rio de Janeiro e representou um marco na conscientização sobre a necessidade de conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, concluiu que, para atingir o desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida para suas populações, os países precisam reduzir e até eliminar padrões insustentáveis de produção e consumo.
Nesses 17 anos que nos separam da Conferência do Rio, formou-se, sem dúvida, uma nova consciência preservacionista. Hoje, a sustentabilidade ambiental que era considerada discurso de ecologistas tachados como “ecochatos” passou a ser defendida por chefes de Estado, políticos, empresários, artistas e intelectuais.
E o mais interessante: quando se refere a este assunto, qualquer pessoa, física ou jurídica, independentemente do seu poder de influência, pode dar uma contribuição. Afinal, o colapso ambiental que nossos filhos correm o risco de enfrentar é fruto de modelos de produção e consumo pouco inteligentes. E se existe saída, ela depende da participação de todos.
Segundo um relatório britânico, somente quando os três grupos do “triângulo da mudança” – pessoas, negócios e governo – se unirem em favor da sustentabilidade é que será possível reverter os limites ecológicos que vivemos hoje. As pessoas precisam estar predispostas a mudar seus paradigmas de consumo. É necessária uma reeducação.
Ao poder público, cabe criar políticas públicas que auxiliem a população nesse processo, que estimulem uma nova concepção do consumo ligado à cidadania. A instituição da coleta seletiva e reciclagem, para ficar só em um exemplo, seria um bom começo. As pessoas querem mudar, mas elas precisam presenciar mudanças a sua volta para sentirem que seus esforços serão compensados. É necessário que a exceção, o bom exemplo, vire a regra.
E as empresas? Para a própria longevidade dos negócios, elas precisam investir em gestão sustentável. Segmentos do comério, o varejo e, mais recentemente, o franchising já se deram conta disso. Esse setor, devido à forma coesa como opera, pode gerar mudanças rápidas para todos os envolvidos na cadeia de produção, distribuição e consumo.
Características marcantes desse modelo de negócio são a união e a comunicação. Ninguém tem medo ou vergonha de copiar uma ideia que deu certo.
Pelo contrário, a franquia é a mais perfeita cópia de um empreendimento de sucesso e, por isso, no varejo, o franchising é terreno mais que fértil para o desenvolvimento da sustentabilidade. Recentemente, a rede de alimentação Rei do Mate descobriu que o único item de sua operação prejudicial ao meio ambiente era o copo plástico usado para servir seu principal produto: o chá mate. Todos os outros itens eram facilmente recicláveis, atitude que a rede já adotou.
Ao decidir retirar esse material de sua lista de suprimentos, a rede deixou de descartar 50 mil copos por dia no meio ambiente.
Para ser bem-sucedida na transição, a rede de franquias se valeu da comunicação. Ao anunciar o porquê da substituição do copo de plástico pelo de papel, lojas e o próprio consumidor, claro, rapidamente aderiram e apoiaram a mudança.
Há ainda muitas questões que deverão entrar na pauta da gestão das redes de franquias. Por exemplo, a logística reversa, processos na operação das lojas, o mix de produtos oferecidos, as embalagens, assim como os processos de pós-consumo.
O varejo é o grande elo entre o fornecedor e o consumidor e tem enorme poder para gerar transformações. Como está em contato direto com o consumidor, tem grande poder de contribuir na educação de seus hábitos de consumo. A sustentabilidade passa a estar presente na estratégia do negócio e todos saem ganhando.
Fonte: DM (Eleine Bélaváry diretora-executiva da Afras (Associação Franquia Solidária), braço de responsabilidade socioambiental da Associação Brasileira de Franchising (ABF))

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