07/03/2009
Lamentavelmente, estamos vivendo dias extremamente preocupantes no que se refere à consciência ética da política brasileira e, principalmente, de alguns integrantes desse peculiar meio.
Ainda ecoam as graves denúncias feitas recentemente à imprensa pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), destacado político desde a época do governo militar, quando integrava o conhecido núcleo dos autênticos do MDB, que era composto por combativos parlamentares da oposição que lutavam contra a ditadura.
De acordo com o senador pernambucano, atualmente o PMDB é um “partido sem bandeira, sem proposta, sem norte”, no qual “boa parte quer mesmo é corrupção”. Mais: o atual PMDB constitui “uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos – para fazer negócios e ganhar comissões”. Pior: “a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral.”
Demais disso, dito senador asseverou, dentre outros fatos, que esse deplorável quadro agravou-se a partir de 1994, quando houve opção por uma “estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer a eleição”.Pois bem, essas agudas denúncias, feitas por um político merecedor de credibilidade em vista do seu passado coerente e combativo, e que sempre mereceu respeito de seus correligionários e opositores, é extremamente grave.
Infelizmente, sabemos nós brasileiros que o meio político não está indene das bandalhices da corrupção; muito pelo contrário, pois temos a triste certeza que ela campeia solta e há bastante tempo, fazendo a alegria criminosa de poucos em detrimento da miséria que proporciona, indiretamente, a muitos, geralmente hipossuficientes. Lamentavelmente, são inúmeras as constatações nesse sentido que se divisam dia a dia nos órgãos de imprensa, que sequer causam sobressaltos à população. Mas isso, importa frisar, não quer dizer que o povo admite essa ladroagem generalizada.
Não obstante, o mais absurdo disso tudo é a reação da cúpula do partido em questão a tais denúncias: quase nenhuma. Alguns procuraram desqualificar o congressista, dizendo-o desagregador. Outros afirmaram que as denúncias eram genéricas, razão pela qual não se manifestariam sobre elas. Pior ainda: nota da Executiva Nacional da agremiação timbrou que: “A corrupção está impregnada em todos os partidos”; ao denunciado, um verdadeiro desabafo, não se “dará maior relevo”. Nenhuma apuração, nenhuma sindicância, nada...
Com efeito, os fatos cogitados pelo senador pernambucano não podem ser simplesmente ignorados, como se fossem meras tolices. É evidente que não. O povo não deseja isso. O brasileiro não quer ser reprimido por suas faltas e assistir aos criminosos de colarinho-branco sempre saírem impunes – e cada vez muito mais ricos –, mas sim alvo da mesma implacável justiça que é distribuída a todo povo.
Urge, pois, que os políticos de bem lutem bravamente em prol da honestidade e da moralidade, impondo leis ainda mais severas para os corruptos de colarinho-branco, agravando sobremaneira as suas penas, confiscando seus patrimônios de origem duvidosa e, como já visto em outras épocas e em outros países, que existam entre nós “operações mãos limpas” e uma melhor instrumentalização da Receita Federal, para que consiga atuar com mais eficiência em relação aos patrimônios de políticos (e de seus familiares), que, a olhos vistos, crescem vertiginosamente em pouquíssimo de tempo. Basta de tanta corrupção. O brasileiro merece um país melhor, com dirigentes probos e infensos a esse tipo de ladroagem.
Por Vitor Rolf Laubé advogado público e pós-graduado em Direito do Estado pela PUC-SP e em Administração Pública pela Fipecafi-USP
Fonte: DM
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